Atualizado às 17h34A titular da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc), Fátima Gavioli, anunciou nesta terça-feira em reunião com diretores de escola que a rede estadual de ensino foi a pior do País em frequência de alunos no primeiro dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com um índice de 68% de participação, abaixo da meta estipulada pela secretaria de 70%. Na verdade, dados do Inep, organizador do exame, colocam o Estado na penúltima colocação, com 32,1% de faltas ao exame. Ficou à frente do Amazonas, com 40,6% de abstenção.Com o resultado, a secretária também anunciou uma redução no bônus por resultado que será pago a professores em dezembro. O projeto que cria este benefício a ser pago no fim do ano e em janeiro foi aprovado em segunda votação na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) na terça-feira (23) e vai para sanção do governador Ronaldo Caiado (DEM). Porém, Fátima afirmou aos gestores que será encaminhado uma alteração na lei para que o bônus seja reduzido.“Se o bônus é por produtividade, evidentemente que eu esperava que a frequência dos alunos aí no Enem acompanhasse a frequência no Saego e no Saeb, e não foi o que aconteceu. Teve uma ausência muito alta, gravíssima”, afirmou a titular da Seduc em reunião virtual com os gestores. Na fala, ela se referiu a outras avaliações, onde a presença dos estudantes teria sido bem maior, como o Sistema de Avaliação Educacional do Estado de Goiás (Saego) e o de Educação Básica (Saeb). Este último é considerado a prioridade por ser de onde sai a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).A Seduc agora busca formas de evitar mais baixas na adesão ao Enem no segundo dia de prova, previsto para o próximo domingo (28), e evitar uma queda ainda maior na taxa de frequência. Em mensagem compartilhada com os gestores, a pasta pede ajuda dos professores para mobilizar alunos para irem na prova. Na mesma mensagem, Fátima diz que houve uma falha na articulação para a participação no Enem. “A lei aprovada na Alego, hoje à noite, prevê o bônus que será pago em dezembro, voltado para mérito. Isso envolve a retomada presencial das aulas, frequência e proficiência, foco na aprendizagem e busca ativa, Saego, Saeb e Enem. Sobre os primeiros ítens, eu diria que estamos avançados, mas no Enem falhamos na articulação. A meta era 70% de frequência no mínimo e isso não aconteceu, não batemos a meta.”No projeto de lei enviado à Alego, não estavam previstas metas no Enem para a aplicação do bônus, mas é dito que os critérios seriam estabelecidos pelo governador. Na proposta, é explicado que o bônus tem como objetivo “estimular o integral retorno às aulas presenciais”. Isso porque após um ano e meio de aulas virtuais devido à pandemia de Covid-19, a Seduc teme uma alta evasão escolar com o retorno das atividades presenciais.Em nota publicada no site da Seduc, é dito, sobre o bônus, que seu pagamento estará atrelado, “além do trabalho já desenvolvido”, a “metas pactuadas pelas unidades escolares com a Seduc em quesitos importantes para o acesso, permanência e sucesso dos alunos da rede estadual”.Na reunião, cuja parte em que Fátima fala sobre o bônus foi gravada e circula nos grupos de conversas online, a secretária diz que a frequência baixa “foi um susto”. “Achei que todo mundo estava muito articulado, muito preparado para esta prova do Enem em relação à frequência, já que não consigo medir a proficiência do Enem, só consigo medir a do Saego e ter uma previa do Saeb, e não consigo do Enem neste ano, então ia fazer o pagamento integral do bônus de acordo com a frequência dos alunos.”No domingo, em entrevista à imprensa, a secretária havia dito que a participação dos alunos da rede estadual no Enem havia alcançando 70% no dia da prova. Cerca de 55 mil haviam se inscrito. “A Educação como um todo, no Brasil e no mundo, foi prejudicada duramente. O que nós fizemos foi trabalhar muito para garantir às nossas crianças, a esses jovens, as condições que eram possíveis, de imediato, como tiveram que ser, de acesso, de conectividade, de cuidados. Nossos estudantes não ficaram desassistidos durante a pandemia”, disse ela, segundo reportagem publicada na agência de notícias do governo estadual.Ao POPULAR, Fátima diz que a redução no bônus foi pactuado com as unidades escolares em encontro de gestores e que não vê problema nisso, uma vez que o benefício estava atrelado a uma série de metas e uma delas não foi alcançada. “Foi acordado com 1.049 gestores. Ficamos em pior situação de frequência no país e, além de tudo, podemos piorar se não cuidarmos da prova no domingo próximo”, disse. “Estou cumprindo o meu papel de monitorar e acompanhar os resultados.”Na entrevista, a secretária sugere que a divulgação do vídeo com a fala dela é uma articulação da oposição. “A minha reunião era de trabalho. Estranho é fazer uma reunião no jornal e eu querer explicação. Totalmente sem sentido. Por que a imprensa está me cobrando uma ação que estou fazendo para cumprir o meu trabalho? Seria ruim se eu estivesse deixando correr solto. A oposição montou isso.”Ainda segundo a titular da Seduc, as outras metas na pasta estão boas, citando a participação de 90% dos alunos no exame do Saeb e a retomada em 84% das escolas. “Já o Enem me assustou. 68%. Confesso que fiquei bem preocupada com Enem pós-pandemia. Agora no domingo eu preciso que quem fez a prova, volte. Preciso dar o grito de alerta. Se estes não voltarem no domingo, a situação vai ficar pior”, afirmou.