A implantação de novos colégios militares em Goiás está suspensa por falta de efetivo da Polícia Militar. Até agora, 37 novas unidades militarizadas estão previstas em leis, mas não há prazo para que elas comecem a ser cumpridas. Elas representam um aumento de 62% na quantidade de colégios militares no Estado, que atualmente é 60. Na semana passada, 156 policiais da ativa e da reserva foram retirados dos colégios. “Tenho falado para eles que queria pelo menos um (colégio militar) em 2019, mas não sei se consigo, tem que garantir a segurança da população. Não vão desviar o foco para me atender”, conta a titular da Secretaria de Educação (Seduc), Fátima Gavioli. Ela explica que a prioridade para implantação será de colégios em áreas de maior vulnerabilidade social. “O critério para implantar são as que estão em locais de risco, violência e drogas”, explica. “O colégio militar, mesmo aprovado na assembleia, para ser implantado, precisa da viabilidade financeira da SSP. No caso, a Secretaria de Segurança Pública extrapolou, segundo o secretário, em folha de pagamento e está fazendo ajustes para enxugar a folha (de pagamento) e só a partir disso vai começar a discutir implantação de novos colégios”, explica Fátima, que diz não haver um prazo para quando isso vai acontecer. Um dos ajustes foi feito na semana passada, quando 94 militares da reserva e 65 da ativa foram retirados das unidades de ensino, uma diminuição de 16% do total de policiais nos colégios, que chegava a 1.023. Atualmente são 864 militares em colégios em Goiás, sendo 303 da ativa e 561 da reserva. Os militares não recebem nenhum valor a mais para essa mudança de função, mas os da reserva recebem uma indenização de convocação, que representa um aumento de 45% do salário. A quantidade de policiais por colégio militar varia de 16 a 22, dependendo da quantidade de estudantes e do período em que a unidade fica aberta. Colégios com entre 600 e 1,7 mil alunos, por exemplo, têm 16 policiais, se funcionar dois turnos, e 19 se ter aulas durante três turnos. Os militares ocupam os cargos de diretor comandante, subcomandante, coordenadores de turno e fiscais disciplinares. Em reportagem do último dia 14, o comandante de ensino da PM-GO, coronel Mauro Ferreira Vilela, responsável pela administração dos colégios militares, adiantou que não há efetivo para essas 37 novas unidades previstas em lei. “Não temos como buscar militares da reserva e, da ativa, porque é pouco.” Caso antigoA falta de mão de obra militar para colégios já era prevista pela gestão anterior. Em entrevista para o POPULAR em novembro do ano passado, o então comandante de ensino da PM, coronel Anésio Barbosa, falou que o quantitativo de unidades militares teria chegado ao patamar ideal e que dificilmente haveria uma expansão. Na época, ele disse que o maior obstáculo para a expansão do modelo era exatamente a limitação numérica da corporação. O próprio governador, Ronaldo Caiado (DEM), afirmou, no último dia 16, que “colégio militar não é solução para tudo”, durante a reabertura do Colégio Estadual Céu Azul, em Valparaíso, onde o professor Júlio César Barroso de Sousa foi assassinado por um estudante. Na ocasião, Caiado defendeu que os colégios militares devem ter um objetivo, de evitar que as crianças se envolvam com a criminalidade nas regiões de mais alto risco. “As escolas militares são importantes, mas não se pode transformar todas as escolas de Goiás em militares. Temos de fazer com que o Estado e a polícia mostrem segurança.”