As investigações sobre o acidente com um ônibus de viagem, que acabou com a vida de cinco pessoas na madrugada desta sexta-feira (24), na BR-153, em Aparecida de Goiânia, terão as atenções voltadas às condições de sinalização do local. Conforme anteciparam os investigadores, há a possibilidade de que o trecho, que está em obras, não contasse com orientações suficientes.De acordo com a Triunfo Concebra, concessionária que administra a rodovia, o veículo invadiu a linha divisória da pista, se chocou contra uma viatura da empresa e colidiu frontalmente com uma carreta. Na sequência, o ônibus, que transportava 57 passageiros, tombou na ribanceira. Além dos cinco mortos, 22 passageiros ficaram feridos. O motorista do caminhão também se feriu, mas passa bem.No local do acidente, no quilômetro 508, sentido Brasília, a pista se tornou de mão dupla desde o último domingo (19) quando o asfalto cedeu em um local que havia sido recuperado dias antes devido a uma cratera provocada pelo aumento do volume do Córrego Santo Antônio, por causa das chuvas. Desde então, motoristas que trafegam pelos dois sentidos precisam dividir espaço. Segundo a Real Expresso, empresa do ônibus envolvido no acidente, o motorista relatou ter sido surpreendido pelo desvio.O ônibus viajava da cidade de São Paulo em direção a Brasília, mas os passageiros tinham itinerários diferentes, incluindo cidades mineiras, e parte pararia em Goiânia. A saída da capital paulista ocorreu às 20 horas e a previsão de chegada em Brasília era para as 13 horas desta sexta-feira (24). Após se chocar com cones de sinalização, por volta das 2 horas, o ônibus bateu em um caminhão, capotou e caiu na ribanceira de um córrego (veja quadro).As perícias estão sendo conduzidas por técnicos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pela Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict). Ao final do período de investigações, os relatórios devem ser apresentados separadamente.De acordo com a delegada Adriana Fernandes, a equipe investiga o motivo que levou o ônibus a se chocar com os cones que estavam na pista antes de ocorrer a colisão com a carreta. “Vamos investigar se a sinalização é precária no sentido de que não oriente o condutor da maneira correta”, afirma.Advogado da Real Expresso, Jocimar Moreira afirmou que o veículo estava regular e que falhas na sinalização podem ter impedido a reação do motorista. Jocimar refutou qualquer possibilidade de falha técnica. “Não tinha praticamente nada de sinalização. Uma pista desse tamanho, desse porte e com esse movimento, (tinha) apenas cones sinalizando e muito próximo do local de interdição”, afirmou.Segundo o advogado, o motorista do ônibus é treinado, tem mais de cinco anos de experiência, embarcou em Uberlândia, e tinha mais de 40 horas de descanso. Jocimar disse ainda que a empresa prestará assistência às vítimas e colaborará com as investigações, além de realizar apuração paralela interna.Em nota, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) lamentou o acidente e afirmou que os fatos serão apurados e fiscais monitoram a instituição. “O contrato de concessão da Concebra (BR-060/153/262/DF/GO/MG), historicamente, enfrenta dificuldades na sua execução e diversos atrasos de obras foram apurados pela agência. Diante desse cenário, a ANTT tem apurado e fiscalizado as inexecuções, bem como vem negociando a extinção do contrato de concessão para troca da empresa”.Em nota, a Triunfo Concebra afirmou que o local recebeu sinalização reforçada com a utilização de painéis eletrônicos nas proximidades informando o desvio contingencial em razão de obras na pista.Vítimas foram para diferentes hospitaisA Secretaria de Saúde de Aparecida divulgou um balanço no qual informa que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atuou no socorro às vítimas do acidente na BR-153. O órgão informou que, pacientes graves foram para hospitais da região metropolitana (Heapa, Hugo e Hugol) e três pessoas com quadros leves foram levadas à UPA Brasicon. Do total, até o fim da tarde desta sexta, dez já haviam recebido alta. Também até o fim da tarde, uma mulher de 63 anos que estava no ônibus permanecia desaparecida. Sueli Hilário, 68 anos, é uma das pessoas que ficaram feridas. Aparecida Hilário relatou que a irmã Sueli foi encaminhada para o Hospital Estadual de Aparecida de Goiânia Caio Louzada (Heapa), passou por uma tomografia e o quadro de saúde é considerado bom. Mas ela tem se queixado de dores nas costas e há suspeita de possíveis fraturas nas costelas.“Ela estava viajando sozinha. Ela não viu muita coisa. Só contou que tinha acabado de acontecer, que eles tinham caído em um riacho, ficou suja de lama. Estava aguardando resgate e estava apavorada. Não costumava fazer viagem de ônibus e ontem ela quase desistiu de viajar. Ela estava com medo”, conta a irmã.-Imagem (1.2377050)