Denúncias sobre falta de medicamentos nos Centros de Atenção Integral em Saúde (Cais) e Centros de Assistência Integrada Médico–Sanitárias (Ciams) têm chegado ao Sindicato dos Trabalhadores(as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde-GO). Médicos também reclamam das más condições de trabalho e ameaçam pedir desligamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia. O presidente do Sindsaúde-GO, Ricardo Manzi, explica que o órgão possui um canal de denúncias (denucia@sindisaude.com.br) que tem recebido diversas reclamações. “Elas são sobre os Cais e Ciams, mas também sobre os hospitais e a rede estadual. As reclamações sobre a falta de sedativos e medicamentos como o midazolam têm sido constantes por conta do aumento da demanda. Além disso, denúncias sobre profissionais sobrecarregados são recorrentes”, esclarece o presidente.A SMS informou que há dificuldades em adquirir alguns medicamentos por falta do produto no mercado e que o medicamento midazolam não está em falta na rede e que o superintendente de Gestão de Redes e Atenção à Saúde, Silvio José, afirma que não há escassez de medicamentos para sedação, sendo que quando ocorreram faltas, outros medicamentos similares foram usados, assim como “está sendo feito nos hospitais de todo o País."Além da falta de medicamentos e equipes reduzidas e sobrecarregadas, a segurança durante o trabalho tem preocupado os médicos que atuam pela SMS. No fim de semana dos dias 11 e 13 de junho um médico que atendia no Cais do Bairro Goiá foi agredido por uma paciente que não queria esperar para ser atendida. No momento da agressão, ele estava entubando um paciente. Os Cais e os Ciams são monitorados pela Guarda Civil Metropolitana (GCM).O comando da GCM informou que “realiza o policiamento em todas as unidades de saúde do município, destacando como prioridade as de funcionamento 24 horas, tais como Cais e Ciams”. A Guarda ainda lamentou o ocorrido com o médico na unidade de saúde do bairro Goiá e comunicou que assim que teve conhecimento do ocorrido, viaturas com equipes foram acionadas e o casal foi abordado e conduzido para a Central de Flagrantes, “onde os autores foram recebidos pela autoridade competente, onde foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) no Art. 129 CPB (lesão corporal dolosa) contra os mesmos.”A secretária de Comunicação e Imprensa Adjunta do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Soraya Rassi, relata que os médicos que trabalham para a Prefeitura estão desgastados. “Eles não têm ua boa estrutur para tomar banho, se alimentar e dormir. Trabalham por muitas horas seguidas sem as condições adequadas e ainda têm que lidar com este tipo de agressão. Isso é desumano”, diz. Por conta disto, diversos médicos que trabalham na rede pública municipal se organizaram para fazer exigências com o objetivo de melhorar as condições de trabalho. Eles pedem por mais segurança e policiamento nas unidades, a realização de exames complementares, mais medicamentos e uma escala completa de médicos. “Se estas solicitações não forem acatadas é muito provável que eles peçam para serem desligados”, afirma Soraya. Em relação aos profissionais de saúde, a SMS informou que a secretaria tem feito o possível para repor o quadro de trabalhadores nas unidades de saúde e que "há um credenciamento de médicos em aberto e foi realizado rescentimente um processo seletivo pra a contratação de 475 profissionais de diversas áreas."Sobre a estrutura das unidades de saúde, o superintendente de Gestão de Redes e Atenção à Saúde, Silvio José, explicou que todas as unidades de urgência e emergência do município de Goiânia possuem repouso para os profissionais de plantão, sendo que "a prefeitura fornece o ticket alimentação a todos que laboram em regime de plantão e todas as unidades possuem refeitório para que possam ser utilizados no momento das refeições". Além disso, o superintendente informou que os contratos assinados pelos profissionais são de 20 e 40 horas semanais e distribuídos em regime de plantões de 12 horas.Condições de trabalho As condições de trabalho dos profissionais da saúde, de uma maneira geral, têm sido alvos de preocupação do Sindsaúde. O presidente do sindicato afirma que situações como a sobrecarga de trabalho já foram levadas ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). “Entramos com denúncias e ações para poder assegurar que não faltassem equipamentos de proteção individual (EPIs). Até o momento, tem funcionado”, conta. Manzi esclarece que uma das principais dificuldades ainda tem sido assegurar o afastamento de profissionais que fazem parte do grupo de risco. “Infelizmente, muitos ainda estão trabalhando”, pontua. Outra preocupação do sindicato é a testagem dos profissionais. “No geral, Goiás já é um dos Estados que menos testa para a detecção da Covid-19 e isso também está se estendendo aos profissionais de saúde. Precisamos que eles recebam mais atenção dos municípios e do Estado e sejam mais testados do que já está sendo feito”, finaliza Manzi.