O número de profissionais da saúde atuando no Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) Campinas, no Setor dos Funcionários, é insuficiente para o tamanho da demanda da unidade saúde. Foi o que constatou uma visita do Sindicato dos Trabalhadores (as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO) ao local nesta quarta-feira (5).De acordo com o relatado pela direção do local ao sindicato, a unidade possuía três médicos, uma enfermeira e três técnicos em enfermagem trabalhando para suprir uma demanda de 300 a 500 atendimentos diários. “Os usuários reclamaram. Tinha gente que chegou lá meia noite para fazer exames e saiu de manhã”, aponta Néia Vieira, vice-presidente do sindicato, que não detalhou qual seria a quantidade adequada de trabalhadores para lidar com a atual demanda da unidade.Entretanto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nega a situação. De acordo com a pasta, a unidade contou com o quadro completo de funcionários durante o dia todo, com a atuação de oito médicos, sendo quatro clínicos e quatro pediatras, nove técnicos em enfermagem e quatro enfermeiros.A rede municipal tem sofrido com lotações desde o fim de 2021 com o aumento simultâneo de casos de dengue e influenza, associado ao atendimento de pessoas infectadas com a Covid-19. Reportagem do POPULAR publicada nesta quarta-feira (5) mostrou diversos pacientes aguardando atendimento na UPA Domingos Viggiano, no Jardim América, e na UPA Dr. Paulo Siqueira de Garcia, antigo Cais Chácara do Governador.A SMS admite que a população goianiense tem enfrentado transtornos para conseguir atendimento na rede municipal de saúde e que este é um momento de transição. A orientação é para as pessoas com sintoma mais leves também busquem atendimento nas 76 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital. A pasta destacou ainda que apesar de os profissionais estarem sobrecarregados, todas as escalas médicas estão completas.O Sindsaúde-GO, em parceria com a Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Goiânia, também visitará outras unidades de saúde. A próxima ocorrerá nesta quinta-feira (6), às 7 horas, na UPA Dr. Paulo Siqueira de Garcia. O objetivo é coletar possíveis denúncias e apurar os gargalos da rede municipal.Nesta quarta, o grupo também estaria no Cais Jardim América. Entretanto, a visita foi adiada. “Vamos visitar, pelo menos, três unidades de saúde, dando prioridade para aquelas de urgência e emergência. Depois, pretendemos oficiar a SMS”, explica Néia.SobrecargaA vice-presidente do sindicato aponta que além da lotação da unidade, a sobrecarga de trabalho dos profissionais chamou a atenção. “A demanda aumentada só evidenciou um problema que já existia: o déficit de profissionais. São pessoas que chegam para trabalhar em unidades que saúde super lotadas e que não possuem a estrutura adequada. Isso gera um adoecimento desses servidores”, esclarece Néia.Ela conta que uma técnica em enfermagem relatou ter levado um murro nas costas de um paciente na última segunda-feira (3). O homem estava achando o atendimento muito demorado. “Imagine como essa mulher voltou para a casa. Como fica a saúde mental dessa profissional?”, pondera. Questionada sobre o caso, a SMS informou que não tem conhecimento do episódio.Instituição pede por concursosO Sindicato dos Trabalhadores (as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO) não acredita que a prorrogação por 120 dias dos contratos dos trabalhadores temporários da saúde da capital seja suficiente para sanar o problema de superlotação, demora no atendimento e sobrecarga de trabalho da rede.A decisão de prorrogar os contratos foi tomada na última quinta-feira (30). Eles se encerrariam no dia seguinte. Além da prorrogação, a Prefeitura informou que 244 novos profissionais foram nomeados. Entretanto, a vice-presidente do Sindsaúde/GO, Néia Vieira, chama a atenção para a necessidade dos concursos públicos. “Esta prorrogação em cima da hora mostra a necessidade dos concursos. Muitos profissionais desavisados não foram trabalhar. Já havíamos pedido ela (prorrogação) no dia 15.”Néia aponta que com profissionais concursados, situações como esta seriam evitadas. “Não teríamos problema de ruptura de contrato e também poderíamos investir nos profissionais que estão atuando nas nossas unidades de saúde. Atualmente, quando contratamos, não sabemos qual a formação das pessoas que estão chegando. Será que estão aptas para atuar, por exemplo, em uma unidade de urgência e emergência? Muitas vezes elas não estão preparadas. Vemos o reflexo disso no atendimento à população”, finaliza.