Três pessoas morreram em queda de helicóptero na noite do último sábado (24) no Lago das Brisas, em Buriti Alegre (GO), a 178 quilômetros de Goiânia. A passageira Rhayza Fortunato Pereira, de 24 anos, sobreviveu ao acidente. Ela foi resgatada, passou por atendimento médico e foi liberada na tarde deste domingo (25), quando já prestou depoimento para a Polícia Civil.Morreram no acidente o piloto Ricardo Magalhães Barros, de 40 anos, e as passageiras Miriam Carolina Fontana, de 33 anos e Mickaelly Damasceno, de 24 anos.Rhayza, a única sobrevivente, contou em depoimento ao delegado titular da Delegacia Regional de Polícia de Itumbiara, Ricardo Chueire, que estava na companhia da amiga Mickaelly, que foi convidada pela namorada do piloto para um passeio de helicóptero. O convite, segundo o relato, aconteceu por volta das 21h30, enquanto todos os quatro estavam em uma festa em condomínio às margens do lago. Rhayza foi junto com os três para o passeio, que, segundo o depoimento, durou 15 minutos.No retorno, Rhayza relatou que percebeu estrondo seguido de perda de sustentação do helicóptero. Segundo o depoimento, ela teria sido atirada para fora da aeronave e caiu no lago. “Estava muito escuro e ela não conseguiu ver mais nada, se salvou a nado”, conta Chueire, com base no relato da jovem. Ele acrescenta que ela afirma ter nadado até encontrar embarcações que a resgataram.Segundo informações do Corpo de Bombeiros, Rhayza foi resgatada e transportada para o hospital municipal por um particular. De acordo com a corporação, uma equipe da náutica dos Bombeiros, com cinco mergulhadores do 6º Batalhão, iniciou as buscas pelas três vítimas por volta das 5 horas de ontem. Os corpos foram retirados no período entre as 8 e 9 horas. Ao todo, 13 bombeiros atuaram na ação.Os três corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) de Itumbiara (GO), onde chegaram por volta das 13 horas e foram liberados ontem no fim da tarde. Segundo informações de atendente do local, todos os três seriam trazidos para a capital.Segundo o Corpo de Bombeiros, os destroços da aeronave foram encontrados a cerca de oito metros de profundidade à 400 metros da margem do lago. No fim da tarde de ontem a corporação aguardava o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) finalizar a perícia. Só depois seria realizada a retirada dos destroços da aeronave.As causas do acidente ainda serão investigadas. Segundo o Cenipa, o começo do processo de investigação possui o objetivo de coletar dados: fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos.O delegado Chueire, por sua vez, abriu inquérito policial para apurar eventual homicídio culposo. Ele afirma que as investigações vão verificar se alguém que não morreu pode ter contribuído para o acidente. Ele explica que se ao final ficar constatado que a culpa foi só do piloto não existe quem culpabilizar.Nas redes sociais, o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira, lamentou o acidente. Uma das vítimas, Miriam, era servidora da Casa. Mickaelly, que era advogada, era membro da Comissão de Direito Tributário da OAB Goiás. “Era muito participativa e frequentava as reuniões mensalmente”, diz Eleia Alvim, presidente da comissão. “Muito triste (a perda). Uma advogada jovem, iniciando carreira, perder a vida de forma tão brutal”.Situação estava regular na AnacSegundo informações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), o acidente envolveu um helicóptero com a matrícula PR-APN. Consulta ao site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) revela que a aeronave, da fabricante Robinson Helicopter, era de 2008, pertencia a uma empresa, tinha capacidade para três passageiros e estava em situação de aeronavegabilidade normal, inclusive com autorização para voo visual noturno. O delegado responsável pelo inquérito, Ricardo Chueire, porém, destaca: “Ali não tem nenhum aeródromo, balizamento noturno, não tem referências. O piloto fez porque era experiente, hábil e conhecia o local”, explica. Piloto e mestre em Engenharia de Transporte, Reinaldo Moreira Del Fiaco disse ao POPULAR que voo noturno em área onde não há nenhum heliponto ou aeródromo é considerado arriscado. Segundo o delegado, a sobrevivente Rhayza Pereira afirmou que o voo foi normal. Ele cita porém, vídeos, ainda não confirmados, que mostrariam o piloto Ricardo Barros em manobras arriscadas perto do lago, no sábado durante o dia. A polícia também investiga a informação de que Barros teria consumido álcool durante passeio de barco realizado entre 15 às 20 horas de sábado.-Imagem (Image_1.1871726)