O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, na última quarta-feira (3), manter a prisão dos dois empresários acusados de fraude na aquisição de medicamentos superfaturados no município de Formosa, no Entorno do Distrito Federal.A decisão do ministro João Otávio de Noronha indeferiu o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Claudio Santana dos Santos. O advogado pediu a revogação da prisão preventiva do empresário alegando constrangimento ilegal devido a “manifesta atipicidade dos fatos que serviram para decretação da sua prisão preventiva”.O ministro justificou a rejeição do pedido. “O STJ entende que não há falar em ilegalidade ou abuso de poder quando a prisão preventiva, devidamente fundamentada, tiver sido decretada para assegurar a conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal, com base em circunstâncias extraídas dos autos”, concluiu João Otávio de Noronha. O STJ já havia negado um outro pedido de habeas corpus em favor do empresário.Em setembro, a prisão temporária dos acusados foi convertida em preventiva a pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO), após interceptações telefônicas, alegando que os denunciados estavam atuando para corromper testemunhas e obstruir provas.Leia também:- Justiça acata pedido do MP e determina bloqueio de R$ 2 milhões de investigados na operação CapésiusOperação CapésiusNo dia 13 de setembro, duas pessoas foram presas temporariamente e sete mandados de busca e apreensão cumpridos pelo Operação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) em conjunto com a Polícia Civil (PC), em Formosa. A investigação apura fraudes na aquisição de medicamentos judicializados com dispensa de licitações. As ordens judiciais foram cumpridas contra empresários e empresas distribuidoras de medicamentos.É estimado um prejuízo de R$ 2 milhões aos cofres públicos do município entre os anos de 2020 e 2021. Os mandados foram cumpridos em Valparaíso e em Luziânia, em Goiás, e Brazlândia, no Distrito Federal. Segundo o MP, as investigações começaram há seis meses e as ordens judiciais estão sendo cumpridas contra empresários e empresas distribuidoras de medicamentos.A apuração mostrou que o esquema utilizava empresa em nomes de “laranjas” e fraudava licitações para o fornecimento de medicamentos a preços superfaturados. De acordo com o órgão, foram identificados que determinados produtos foram adquiridos pelo Fundo Municipal de Saúde com mais de 200% de superfaturamento.Os investigados apresentavam ao Fundo Municipal orçamentos falsificados de empresas que, de fato, desconheciam o uso da documentação, com preços acima dos praticados no mercado, com o intuito de direcionar a licitação para a empresa que pretendiam ver vencedora, cujo orçamento era ligeiramente inferior aos demais.Ainda de acordo com o MP, a compra dos medicamentos era determinada antecipadamente pelo Poder Judiciário, atendendo pedido do próprio MP, para atender pacientes de Formosa que não obtiveram os medicamentos administrativamente junto à Secretaria de Saúde municipal. Em caso de condenação, as penas podem variar de 06 a 20 anos.A operação recebeu o nome de Capésius em alusão ao farmacêutico de Auschwitz Victor Capésius, que utilizou seus conhecimentos de forma criminosa e em favor do nazismo, causando a morte de milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, num período da história que ficou conhecido como Holocausto.