O surto de Covid-19 que atingiu o abrigo Lar Hermes Amorim, em Goiânia, foi provocado por uma linhagem da variante de Manaus do coronavírus (Sars-CoV-2). Batizada de P.1.2, ela foi encontrada na amostra de quatro dos idosos que contraíram a infecção, apesar de todos estarem vacinados com as duas doses da Coronavac. A confirmação chegou na tarde desta segunda-feira (7) à Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Dos 18 idosos que vivem no abrigo, 9 tiveram confirmação da infecção pelo coronavírus. Além deles, 5 trabalhadores também positivaram. Apenas dois idosos tiveram sintomas; o restante dos casos foi assintomático. Dos que tiveram sintomas, um teve tosse e outro, febre.O sequenciamento genético, que identificou a linhagem da cepa de Manaus, foi feito pelo laboratório HLAGyn, que presta o mesmo serviço para a prefeitura de Aparecida de Goiânia. “Foi uma parceria e o laboratório fez uma cortesia. Por isso, gostaria de agradecê-lo”, diz o superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Yves Mauro Ternes. De acordo com ele, no momento a Prefeitura de Goiânia realiza um pregão eletrônico para contratar um laboratório para fazer o sequenciamento genômico. A SMS pretende fazer 50 testes de sequenciamento por mês, em amostras de pacientes com casos graves de Covid-19, reinfecção ou falha vacinal. “Essas são pistas de que pode se tratar de uma nova variante ou linhagem”, explica Ternes.MutaçãoDe acordo com a SMS, dos 14 casos positivos no Lar Hermes Amorim, apenas em 4 foi possível coletar material viral suficiente para fazer o sequenciamento genético. Ternes explica que a análise depende da carga viral do paciente. Em todos, foi detectada a linhagem P.1.2, que traz pequenas, mas importantes, mudanças em relação à cepa original. Como a amostra é de apenas um local, ainda não é possível dizer se a linhagem é predominante em Goiânia, mas ela circula em Goiás desde a semana epidemiológica 19, que compreende o período entre 9 e 15 de maio. Ainda assim, de acordo com Ternes, é possível deduzir que ela pode estar por trás do repique de casos de Covid-19 registrado nas últimas semanas no Estado.Apesar de ser possível que a linhagem P.1.2 seja mais virulenta, ou seja, tenha mais capacidade de transmissão, o superintendente de Vigilância em Saúde da SMS acredita que a maioria dos casos do Lar Hermes Amorim foi leve porque todos estavam vacinados. “Isso comprova a efetividade da vacina. Ela foi capaz de reduzir sintomas e evitar internações”, afirma.O surto no abrigo de Goiânia foi detectado em maio. No primeiro momento, a SMS realizou testes de antígeno, que têm resultado mais rápido. No dia seguinte, foram feitos exames do tipo RT-PCR, considerado o melhor padrão para detecção do coronavírus. Quatro dias depois, os testes de RT-PCR foram repetidos. Nessa ocasião, um dos idosos que tinha resultado negativo foi positivado.Ternes explica que, apesar de não ter sido registrado agravamento entre os idosos do abrigo, que fica no Setor Jaó, este é um alerta de que as medidas de precaução devem ser mantidas, mesmo com as pessoas vacinadas. E que os abrigos devem informar as autoridades imediatamente ao detectarem casos suspeitos. A SMS, diz, analisa a suspeita de contágio em outro abrigo em Goiânia, mas, ainda não há dados conclusivos.