Técnica de enfermagem é espancada dentro do Hcamp de Catalão, no sul de Goiás
O fato ocorreu na noite desta segunda-feira, 31 de agosto, depois que uma mulher se irritou com a demora do resultado de uma tomografia
Malu Longo

Técnica de enfermagem teve uma das mãos quebradas (Divulgação)
Atualizada às 10h28.
Uma técnica de enfermagem de 51 anos teve uma de suas mãos quebradas depois de ser agredida na noite desta segunda-feira, 31 de agosto, no Hospital de Campanha para Enfrentamento do Coronavírus, em Catalão, Sul de Goiás. A agressão partiu de uma gestante de 27 anos que foi à unidade de saúde em busca do resultado de uma tomografia, mas como não estava pronto, ela se irritou. Na companhia do marido e do pai, a mulher invadiu a cozinha do hospital, atirou prontuários no chão, gritou com profissionais de saúde e depois agrediu a técnica de enfermagem que tentava acalmá-la. Uma paciente também foi agredida.
De acordo com Thais Simões, diretora de Comunicação da Prefeitura de Catalão, a mulher, que está grávida de 27 semanas, passou por uma consulta na sexta-feira, 28 de agosto, num hospital público da cidade, foi submetida a um teste de Covid-19 e deu negativo. Nesta segunda-feira (31) ela esteve no Hcamp pedindo novo teste, embora os protocolos indiquem aguardar pelo menos uma semana para repeti-lo. O médico de plantão decidiu pedir uma tomografia que é realizada num hospital privado, pactuado com a prefeitura.
A gestante chegou ao Hcamp no início da tarde e precisou aguardar atendimento. Depois de ser submetida à tomografia retornou ao hospital onde já estava seu pai que também buscou ajuda médica acreditando estar positivo para Covid-19. No início da noite, inconformada com a demora, ela, o marido e o pai invadiram a cozinha onde vários profissionais jantavam e começou a gritar pedindo pelo resultado. Àquela altura ela já tinha passado pelo posto de enfermagem e jogado prontuários de pacientes no chão.
Uma das profissionais que assistiu a confusão, mas prefere o anonimato, contou que um médico decidiu atender a mulher, mas havia outra paciente na frente. Quando esta entrou no consultório foi agarrada pelo pai da gestante que a colocou para fora. A técnica de enfermagem, que de motocicleta tinha buscado o resultado da tomografia, tentou interferir e foi atirada no chão. Ela teve os cabelos puxados, recebeu chutes na cabeça e com as agressões teve a mão fraturada. Quando a Polícia Militar chegou ao Hcamp a gestante, seu marido e o pai já tinham saído do local.
O POPULAR apurou que às segundas-feiras o Hcamp de Catalão tem atendido uma média de 140 pessoas. Neste 31 de agosto o boletim de Covid-19 divulgado pela prefeitura mostrou que 1.480 pessoas já pegaram a doença no município e 47 foram a óbito. Um concurso para ampliar o número de profissionais de saúde no Hcamp foi realizado, mas as vagas não foram preenchidas em razão do medo da doença, por isso há déficit de pessoal no Hcamp. A técnica de enfermagem, que estava de plantão, continuou trabalhando porque não tinha outra pessoa para ocupar o seu lugar.
Informações preliminares dão conta que os testes para Covid-19 da família deram negativo, mesmo assim, após o tumulto e as agressões no Hcamp, seus integrantes buscaram um hospital privado de Catalão. O grupo, que possui uma propriedade rural no município, ocupava uma caminhonete Hillux. Há informações de que o pai da gestante possui passagem pela polícia por homicídio e que, na porta do hospital, chegou a dizer que se estivesse armado "mataria todo mundo".
"Estamos todos com muito medo. A técnica de enfermagem cumpriu seu plantão porque não tinha mais ninguém para atender os pacientes, mas hoje ela vai ficar em casa porque está abalada demais", contou a colega.
O caso será investigado pelo 2º Distrito Policial de Catalão. Os agressores já foram identificados.
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