Diminuição da ansiedade, bem-estar, melhoria na qualidade de vida e desvio do foco sobre a doença. Estes são alguns dos benefícios da Terapia Assistida por Animais (TAA) que está ganhando espaço nos hospitais de Goiás e que chega nesta sexta-feira (14) ao Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer). A unidade será parceira de um programa de extensão da Universidade Federal de Goiás (UFG) e, com isso, vai receber mensalmente a visita dos cachorros.Realizado pela Escola de Veterinária e Zootecnia e a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG), o Programa de Atividade/Terapia assistida por animais (A/TAA) em Hospitais de Goiás atendeu mais de mil pacientes em 2019. Entre as unidades estão o Hospital das Clínicas (HC-UFG), Hospital da Criança e Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e há ainda a previsão para que as atividades comecem em março no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (Hmap).Desde julho do ano passado, a Lei 10.369, de autoria do vereador Romário Policarpo (Patriota) regulamenta a entrada de animais domésticos e de estimação em hospitais da capital. No ano de 2019, mais de mil pacientes receberam os cachorros, mas a meta agora é que este número duplique, com a adesão do Crer e do Hmap. Supervisor Multiprofissional de Reabilitação do Crer, Eduardo Carneiro afirma que está cheio de expectativas e que a ideia principal é humanizar o atendimento e também o ambiente não só para pacientes, mas também para colaboradores.“Vamos entrar inicialmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e também em leitos de pacientes graves. Alguns estão internados há dois meses, por exemplo. No geral, estamos falando de estimular o cognitivo e também a coordenação motora ao abraçar os cachorros, por exemplo. Quebramos um pouco a frieza do hospital e agora vamos aos poucos colher estes resultados”, completa o supervisor do Crer.Eduardo Carneiro explica que 156 leitos e outros 20 de UTI farão parte deste projeto inicialmente. Por precaução, pacientes que estão isolados por infecção ou por algum outro motivo similar não receberão as visitas. Seis cachorros, cada um com seus tutores irão percorrer o centro de reabilitação. Além disso, para cada animal, a unidade de saúde ofereceu um terapeuta (psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e assistentes sociais). “Eles conhecem o caso de cada paciente e isso vai auxiliar nos resultados”, pontua Carneiro. Antes do lançamento que ocorre nesta sexta-feira, os familiares e pacientes foram comunicados da ação e assinaram uma autorização.O projetoO projeto é coordenado pelas professoras Kellen Oliveira, da Escola de Veterinária e Zootecnia, e Alessandra Naghettini, da Faculdade de Medicina. Os animais escolhidos para a terapia precisam possuir personalidade dócil tendo em vista que vão receber contato como abraços, por exemplo. Por este motivo, eles passam por um teste comportamental na EVZ/UFG e, se aptos, fazem avaliações clínicas realizadas pelo médico veterinário com análise do cartão de vacinas, hemograma e estado de saúde.A ação é multidisciplinar com participação de alunos dos cursos de Medicina Veterinária, Medicina, Zootecnia, Enfermagem, Odontologia e Psicologia. A cada semestre, aproximadamente dez alunos integram a equipe. “A rotatividade também é grande, muitos alunos se formam ou começam estágios. Agora mesmo estamos com uma nova seleção para alunos da UFG de cursos envolvendo a saúde humana: Odontologia, Enfermagem e Psicologia”, explica a professora Kellen Oliveira.Os cachorros são cadastrados e os donos precisam acompanhar as visitas. Atualmente, 40 cães participam do programa que já tem 30 visitas agendadas para este semestre. A professora Kellen Oliveira explica que a iniciativa começou em 2017 para atender crianças da pediatria do Hospital das Clínicas, mas foi ganhando força e pode crescer ainda mais. “Podemos ainda incluir peixes e aves, por exemplo. Levando em consideração que cada visita inclui pelo menos cinco animais, quanto mais cadastros nós tivermos, melhor”, finaliza.Melhora Alessandra Naghettini, professora da Faculdade de Medicina da UFG diz que a presença dos animais, por si só, já muda completamente a rotina do ambiente. Além da receptividade e da descontração, ela explica que as melhorias também acontecem na recuperação. “Percebemos que os pacientes sorriem, relaxam e a qualidade do atendimento é muito maior bem como a recuperação. É como se todas as energias carregassem novamente”, finaliza.