A Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgou nesta quarta-feira (2) os primeiros resultados do projeto Tendinha, um subprojeto complementar ao Tenda Triagem Covid-19 UFG. A conclusão desta primeira etapa mostra que 37% de 207 crianças e adolescentes testados entre 6 de julho e 24 de agosto apresentaram resultado positivo para a doença provocada pelo coronavírus (Sars-CoV-2). E deste porcentual, 40% não mostraram nenhum sintoma, o que indica a possibilidade de se tornarem transmissores em potencial do vírus.Os resultados da primeira fase do projeto, que pretende testar 600 crianças e adolescentes, com idades entre 5 e 19 anos, filhos ou contactantes de profissionais da saúde e de segurança pública que testaram positivo para Covid-19, preocuparam os responsáveis pelo projeto. Além de poderem transmitir o vírus, em especial para idosos que têm alta letalidade para a doença, somente em 30% dos casos a febre foi observada. Diarreia e vômitos, outros sintomas característicos em pessoas positivas para Covid-19, apareceram em 4% dos que testaram positivo, sem nenhuma manifestação respiratória.O que o projeto Tendinha revelou até agora é compatível um estudo da Universidade de Harvard (Estados Unidos) divulgado esta semana. Ao verificar a condição de 192 crianças e adolescentes, entre 3 e 17 anos, internadas no Massachusetts General Hospital com Covid-19, os pesquisadores descobriram que a carga viral nesses pacientes era significativamente maior do que em adultos. Ou seja, esse público tem maior potencial de transmissão do vírus, o que mostra que o retorno das aulas presenciais pode prejudicar o controle da pandemia. Inquérito realizado no Estado de São Paulo mostrou que 64% das crianças são assintomáticas para Covid-19, o que levou o governo a manter as aulas não presenciais.Em Goiás, ainda não há previsão de retomada das aulas presenciais. No dia 19 de agosto o Centro de Operações Estratégicas (COE) em Saúde Pública para Enfrentamento do Coronavírus também decidiu proibir o retorno das atividades eletivas em sala de aula. A decisão foi tomada em razão do cenário epidemiológico, o que torna insegura a retomada das aulas. Em nota técnica nesta terça-feira (1º), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) recomendou a suspensão das aulas presenciais até o dia 30 deste mês. A medida pode mudar caso haja redução de 15% no número de óbitos por Covid-19 e a taxa de ocupação de leitos de UTI fique menor do que 75%, ambos em quatro semanas consecutivas. Até esta quinta-feira (3), Goiás apresentava 142.252 casos confirmados de Covid-19 e 3.345 óbitos.“Estes dados apontam que crianças e adolescentes, mesmo em afastamento ou isolamento social, estão em risco de contaminação domiciliar, possivelmente relacionados a determinados grupos de trabalhadores”, ressalta a coordenadora do projeto Tendinha e diretora da FEN, Claci Fátima Weirich Rosso. O projeto vai alcançar ainda cerca de 400 pessoas na faixa etária escolhida. A UFG decidiu ampliar sua análise sobre o alcance da contaminação do coronavírus entre crianças e adolescentes no sentido de colaborar na construção do conhecimento científico sobre este cenário, já que são poucos os estudos neste sentido. Exames devem ser agendadosO Tendinha é coordenado pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina (FM) e da Faculdade de Enfermagem (FEN) da UFG. O projeto nasceu a partir do surgimento no mês de maio do Tenda Triagem Covid-19 UFG, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), que começou a testar e a acompanhar por telemonitoramento trabalhadores de saúde e da segurança pública com sintomas de Covid-19. Os testes realizados são do tipo RT-PCR, que verifica o vírus ativo.O projeto Tenda Triagem Covid-19 UFG funciona de segunda-feira a quarta-feira, das 9h às 13h, no Centro de Aulas D da UFG, Câmpus Colemar Natal e Silva, Setor Universitário. O atendimento dos trabalhadores da saúde e segurança sintomáticos é feito somente por agendamento prévio pelos telefones: (62) 99545-6671/(62) 99163-0666. O público-alvo passa por uma teletriagem para evitar filas e aglomerações no local. Já o agendamento das crianças e adolescentes dos contactantes positivos testados na tenda é realizado pela equipe do projeto, após confirmação do diagnóstico de covid-19 dos profissionais. Este público é atendido no mesmo local, em espaço exclusivo.