Os 662 quilos de cocaína apreendidos em um bimotor Piper Aircraft 23 no dia 25 de junho na zona rural de Jussara, a 225 quilômetros de Goiânia, pertenceriam ao traficante José Olímpio de Carvalho Neto, o Netim, que seria um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Goiás. A informação é do delegado Danillo Proto, adjunto da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH) de Goiânia, que investiga a ação do PCC e do Comando Vermelho no Estado.O bimotor foi interceptado pelas Forças Aéreas Brasileiras (FAB) em Barra do Garças (MT) e o piloto o pousou em Jussara. Um dia depois, duas pessoas foram presas, inclusive o piloto que havia assumido a propriedade da droga, avaliada inicialmente em R$ 13 milhões. O caso estava com a Polícia Federal, que na época já não acreditava na versão do piloto. A cocaína teria sido trazida da Bolívia.Netim foi morto no dia 21 de setembro deste ano, em uma loja de carros batidos na Alameda Câmara Filho, no Parque Oeste Industrial. Foram mais de 100 tiros disparados no local. Além de Netim morreram o irmão dele, o comerciante Cleiton Carvalho de Oliveira e o funcionário dele, Diogo Cândido de Paula.As investigações comprovaram que Netim era o alvo de uma ação coordenada pelo Comando Vermelho de dentro da Penitenciária Odenir Guimarães (POG), no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. O triplo homicídio foi uma das dezenas de ações da facção criminosa, a mando do traficante Sthephan de Souza Vieira, o BH, atual “chefe” da Ala B da POG para controlar o tráfico de drogas em Goiânia.PrisãoNesta quinta-feira (26), a Polícia Civil apresentou Michael Moreira Mendanha, de 20 anos, conhecido como Zé Doido, que confessou ser o autor de sete assassinatos em Goiânia e em Aparecida de Goiânia de abril até a dois dias antes de ser preso, no dia 15, na cidade de Heitoraí, onde se escondia. Além dos homicídios, ele confessou ter roubado mais de 30 carros nos últimos meses a mando do traficante BH, suposto líder do CV em Goiás.Zé Doido confessou também que além das sete pessoas que havia matado, tinha uma lista com mais cinco nomes de traficantes da região oeste da capital para matar.Estes traficantes vendem droga na região antes dominada por Thiago César de Souza, o Thiago Topete, que era o chefe da Ala C da POG. Com a morte de Topete durante uma rebelião no presídio em fevereiro deste ano, a ala e o tráfico da região dominada por ele foi assumida pelo sobrinho de Topete, Jhon Kley Pascoal de Souza, o Bozo, apontado como o chefe do PCC no Estado.Segundo o delegado Dannilo Proto, Zé Doido era um usuário de drogas, cliente dos traficantes ligados a BH e andava na região sudoeste com uma faca, disposto a matar seus inimigos. Esse “potencial” foi o que chamou a atenção da organização criminosa.Um traficante apelidado de Hércules, que vendia droga para Zé Doido, o aliciou para o CV e o armou. Zé Doido usa apenas a pistola calibre 7,65, apreendida com ele, para executar suas vítimas, dando em média de quatro a cinco tiros em cada uma.