Todos os dias de cinco a sete pessoas morrem por causa da asma no Brasil, seja por falta de diagnóstico ou por ausência de tratamento especializado. Os números são da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), mas um levantamento dos últimos 20 anos mostrou que o tratamento contra alergias diminuiu em mais de 75% as internações pela doença no país nos últimos 20 anos. No último dia 5 começou a Semana Mundial da Alergia de 2022 que segue até o próximo sábado (11). Neste ano, a World Allergy Organization (Organização Mundial de Alergia) escolheu a asma e as doenças respiratórias alérgicas como tema a ser discutido. Isso porque mais de 80% dos pacientes asmáticos também têm rinite e de 10% a 40% dos pacientes com rinite têm asma, sugerindo o conceito de “uma via aérea, uma doença”, relação chamada entre os especialistas de Doença Aérea Única (DAU). Presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia - regional Goiás (Asbai-GO), Germana Pimentel Stefani, explica que há evidências epidemiológicas, fisiopatológicas e clínicas que apoiam uma visão integrada da rinite e da asma. “As vias aéreas superiores e inferiores são consideradas uma unidade morfológica e funcional, e a conexão existente entre elas é observada há muitos anos, tanto na saúde quanto na doença.” Sinais de alergia: fique atento! Nariz que coça, espirro que não cessa, olhos vermelhos lacrimejando e uma garganta arranhando que pode ainda resultar em falta de ar. Estes são alguns sinais de alergias e para o diagnóstico é preciso procurar um médico. Entre os possíveis gatilhos que podem favorecer o aparecimento estão: ácaros, fungos, pólens, pelos de animais, poluição ambiental, exposição ao ar frio, fumaça de cigarro e infecções virais. As infecções das vias respiratórias provocadas por alergia podem, inclusive, evoluir para quadros crônicos da asma. Em todo o mundo, a doença afeta aproximadamente 300 milhões de pessoas e apenas no Brasil a estimativa é de que haja 20 milhões de asmáticos, que significa 10% da população do país. Considerada um problema mundial de saúde, pode acometer crianças, adultos e idosos. Tratamento precisa ser conjunto Membro do Departamento Científico de Asma da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), Adelmir de Souza Machado explica que o tratamento das duas doenças (asma e rinite) deve ser feito conjuntamente. Entre as recomendações médicas, estão: controle ambiental, atividade física orientada por um profissional e alimentação saudável. “Anti-histamínicos e descongestionantes podem trazer benefícios para o paciente com rinite, bem como corticosteroide em forma de spray para o controle da inflamação e dos sintomas da rinite. Identificado o alérgeno que desencadeia a rinite, é possível também fazer o tratamento com imunoterapia”, explica o especialista da Asbai. Queimadas e baixa umidade agravam quadro Como a rinite e a asma podem ser induzidas e reproduzidas por reações alérgicas ou não alérgicas, a Doença Aérea Única (DAU) também pode ser considerada uma síndrome de hipersensibilidade das vias aéreas. O tempo seco e a baixa umidade do ar – que costuma ficara abaixo de 20% em todo o Estado - comuns em Goiás nesta época do ano, podem provocar as reações e estimular o aparecimento dos sintomas. A presidente da Asbai-GO cita ainda outro problema comum neste período: a poluição do ar, decorrente das queimadas. “Esses fatores externos podem prejudicar ainda mais o paciente. É preciso melhorar a hidratação e procurar atendimento especializado para controlar as reações e dar mais qualidade de vida à pessoa.” Famosas “bombinhas” mudaram evolução da doença Conhecidos de forma popular como ‘bombinhas”, os corticoides de inalação diminuíram a mortalidade por asma e mudaram a evolução natural da doença. Apesar de a mortalidade ainda ser considerada alta, os casos de pacientes em unidades de terapia intensiva (UTIs) em decorrência de crises de asma acontecem hoje com baixa incidência. Os principais sintomas são: falta de ar, chiado no peito, tosse, sensação de cansaço e opressão no peito - manifestação clínica normalmente acentuada após esforço físico e até mesmo ao falar e rir. Asma e Covid-19. Há complicações? De forma geral, pessoas com asma podem ser mais suscetíveis a infecções respiratórias virais e bacterianas. As pesquisas mostraram até agora que pacientes com asma não têm maior chance de contrair a Covid-19. Apesar disso, nos que apresentam um processo inflamatório e um quadro não controlado da doença, a Covid-19 e a gripe podem evoluir para quadros mais graves.Leia também:- Tempo seco requer cuidados redobrados com a saúde, alerta especialista- O uso exagerado de cigarros eletrônicos pode causar doença pulmonar e câncer