Condutores que transitam pelo trecho da BR-153 que liga Itumbiara, no Sul do estado, a Goiânia precisam redobrar os cuidados na via devido aos buracos e às trepidações. Sindicatos que representam trabalhadores em transporte rodoviários e caminhoneiros pedem por manutenção da rodovia federal cujos reparos estão sob responsabilidade da Concessionária Triunfo Concebra desde março de 2014.Apesar dos baixos números de acidentes que têm como causa direta os buracos, por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) alerta que podem ser fatores contribuintes.Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Itumbiara, Divair Cândido de Faria afirma que o lado direito do trecho da BR-153, que liga Itumbiara a Goiânia, apresenta forte trepidação. Ele atribui isto a uma parte do asfalto que estaria descascando e também aos locais que já passaram por remendos. “Isso acontece muito por conta dos caminhões pesados que trafegam pela via e por conta da situação até mesmo os caminhões passaram a usar a pista da esquerda. A BR-153 precisa ser toda reparada, principalmente do lado direito e também temos buracos em alguns trechos”.Desde 2014, a Triunfo Concebra é responsável pela administração da rodovia e, com isso, a cobrança de pedágio foi iniciada. Entre Itumbiara e Goiânia são dois postos.Divair Cândido defende que a cobrança do pedágio seja suspensa e afirma que o valor pago diariamente é alto pelas condições da rodovia. Questionado se os problemas aumentaram devido ao período chuvoso, ele diz que sim, mas que a manutenção da BR já carecia de atenção antes das chuvas se iniciarem. “Piorou, mas não foi tanto, já estava ruim mesmo”. A afirmação é similar à do presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Goiás, Vantuir Rodrigues: “Está muito ruim”.Policial rodoviária federal, Raiane Lima, que atua na região, afirma que o trecho não está em perfeitas condições, e que a situação acabou se agravando neste período de chuvas.De uma forma geral, a PRF afirma que quase nunca o acidente tem como causa principal o defeito na via, mas que isto pode ser um fator contribuinte. De 2019 a 2021, segundo a PRF, foram registrados 84 acidentes entre os municípios de Hidrolândia e Itumbiara, dois deles oficialmente causados por buracos na via. No trecho que compreende o KM 660 ao KM 688, entre Goiatuba, Panamá e Itumbiara há, atualmente, buracos espalhados e o pedido é de atenção.Entre as principais causas de acidentes nos locais está o excesso de velocidade com saídas de pista nos trechos de curva acentuada de Goiânia a Morrinhos, por exemplo. “Já no trecho de Morrinhos a Itumbiara, que é menos sinuoso, as saídas de pistas geralmente ocorrem nas retas. Outra causa de acidentes é a falta de atenção dos condutores combinada com uso de celular, o que causa colisões traseiras. Em lugares que há sinal de celular, por exemplo, já ocorreram acidentes com mortes. Colisão traseira entre veículos de carga acontecem praticamente no mesmo local”, explica a policial rodoviária Raiane Lima.RespostaA reportagem procurou a concessionária responsável pela manutenção do trecho. A Trinfo Concebra afirmou, em nota, que possui equipes de manutenção trabalhando de forma constante com tapa-buracos. A Trinfo acrescenta que por causa das chuvas, este tipo de trabalho foi reforçado “evitando que pequenos buracos se agravem com a contribuição da pista molhada e do considerável volume de tráfego pesado” que passa pelo trecho da rodovia federal sob concessão para a iniciativa privada. Devolução depende de decretoO trecho urbano da BR-153 em Goiânia e Aparecida de Goiânia também tem apresentado buracos causados pela chuva. Os motoristas relatam que os problemas são comuns próximo ao viaduto da Rua Recife, no setor Alto da Glória, e na baixada do Country Clube, em Aparecida.A Triunfo Concebra aguarda a publicação de um decreto presidencial para devolver a concessão do trecho da BR-153/060/262. Já houve aprovação do Ministério de Infraestrutura (Minfra), mas é só após o decreto que há uma confirmação oficial de uma nova licitação para a exploração privada da rodovia. O pedido foi realizado pela concessionária, em abril de 2020, e o processo já passou por análise da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e também do Minfra, aprovando o rompimento do contrato. Na terça-feira (16), a Triunfo Concebra informou que após o decreto presidencial é feito um termo aditivo pela agência reguladora e é a partir daí que serão estabelecidos prazos e serviços que devem ser feitos até o fim do termo aditivo para que seja liberado o edital e o leilão realizado para que, por fim, a próxima empresa assuma a rodovia. Enquanto isso, a Concebra mantém a administração e a cobrança dos pedágios. A previsão é que a nova licitação ocorra no segundo semestre de 2022. Os serviços incluem o atendimento médico emergencial e serviço mecânico 24 horas, manutenção do trecho, com conservação e pavimentação, “tendo como base o termo aditivo que futuramente será assinado”. Os motivos para a devolução da concessão remetem ao ano de 2016, quando a Concebra aponta desequilíbrio contratual em razão da não liberação do financiamento de longo prazo, que havia sido prometido no leilão pelo governo federal, o que impossibilitou o cumprimento das metas.