A Universidade Federal de Goiás divulgou, na tarde desta quinta-feira (21), uma nota de repúdio sobre o caso de xenofobia sofrido por Carlos Santander, professor de Ciência Política da instituição. O episódio ocorreu durante um programa de rádio de uma emissora goiana, em que o também professor, Marcos Vasconcelos, questionou a nacionalidade de Santander, após ele criticar as políticas sanitárias do presidente Bolsonaro. Em nota, a faculdade declara que é “inadmissível que se questione a nacionalidade de uma pessoa, sobretudo a partir de provocações e ironias relativas à sua ideologia”, afirma. “A Direção da FCS [Faculdade de Ciências Sociais], em nome de todo seu corpo discente, docente e administrativo, registra aqui sua solidariedade e seu apoio ao professor Santander e a todos os estrangeiros/as de nossa comunidade acadêmica, especialmente os irmãos e irmãs latino-americanos/as, que são vítimas frequentes de xenofobia” completa. Depois de ouvir que Carlos é peruano, Vasconcelos ironizou que o acadêmico voltasse para o seu país e transformasse o Peru no “maior país do mundo” e sugeriu que Santander fosse “se unir a seu governo, que é de esquerda”.Em debate, o professor peruano afirmou que a proposta seria irracional. “Tenho um excelente emprego aqui no Brasil, seria irracional, seria um pouco ignorante, não lhe parece? (...) Preste atenção, isso é um recurso retórico muito baixo”, rebateu o acadêmico de Ciências Políticas. Durante a transmissão ao vivo, internautas defenderam o professor Carlos Santander, mas outros também manifestaram comentários xenófobos, “Só no Brasil gringo tem esse espaço na imprensa” dizia um dos participantes. Resposta da emissoraEm resposta, a emissora de rádio disse que vetar a participação ou “excluir comentários” pode ser interpretado como ato de censura. “Entende-se que os inscritos em tais plataformas possuem presunção de capacidade civil, e apesar de adotarmos condutas visando minimizar esse tipo de acontecimento, entendemos que cabe a cada um arcar com seus atos.”Sobre o ocorrido durante o programa, a emissora apontou que os comentários “advieram dos convidados do programa no momento de debate acalorado de opiniões, sendo oportunizada a fala para o Ilmo. Professor Carlos Ugo Santander que, por sinal, se posicionou com sabedoria durante todo o tempo",Além disso, destacou que a “Qualidade de veículo de comunicação e propagador da informação, trabalhamos para que qualquer ato que possua cunho ou menção discriminatória ou que, de alguma forma segregue pessoas, em qualquer ambiente, seja rechaçado.” a emissora afirmou defender a liberdade de expressão e que essas devem ser pautadas primordialmente no respeito à dignidade humana. “É nosso dever, como veículo propagador da informação, preservar a liberdade de expressão e trabalhar para a construção de uma sociedade justa para todos", finalizou.O professor Carlos Ugo Santander não se manifestou sobre o ocorrido.-Imagem (1.2341221)