A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) suspendeu 60 bolsas de mestrado e doutorado da Universidade Federal de Goiás (UFG). Diversas áreas foram atingidas, desde pesquisas sobre arte e cultura visual, até de agronegócio e ciências farmacêuticas. A suspensão representa 5% de todas as bolsas Capes da instituição goiana. No início da noite de ontem, a Capes disse que vai voltar atrás em relação às bolsas de programas de pós-graduações mais bem avaliados.O valor individual de cada bolsa de mestrado é de R$ 1.500 mensais. Já o da de doutorado é de R$ 2.200 por mês. A maior parte das cerca de 1.800 bolsas de pós-graduação da UFG são da Capes, sendo 766 de mestrado, 530 de doutorado 64 de pós-doutorado. Das 60 suspensas, 42 são de mestrado, 16 de doutorado e 2 de pós-doutorado. Em todo o Brasil foram 4.798 bolsas, que representam 1,72% do total de benefícios, segundo o Ministério da Educação (MEC).A Capes, que é ligada ao MEC, informou que foram suspensas todas as bolsas que estariam ociosas. Segundo o pró-reitor de pós-graduação da UFG, Laerte Guimarães Ferreira, o termo “ocioso” não é correto. O uso das bolsas das universidades é dinâmico, quando um mestrando ou doutorando conclui seu trabalho, o auxílio financeiro é remanejado para outro estudante. Todo início de mês, esse remanejamento é feito por um sistema de computador. Neste mês, o sistema não abriu.Em reportagem do POPULAR do último dia 7, o pró-reitor disse estar preocupado sobre esse “bloqueio” do sistema, prevendo que essas bolsas poderiam ser suspensas. “O meu temor se concretizou”, lamenta. Além disso, desde o início do ano, está proibido o remanejamento de bolsas entre diferentes programas de graduação, o que dificultaria a gestão das bolsas e aumentaria a chance delas ficarem ociosas, segundo Laerte.“Tem situação de gente que estava aguardando para receber bolsa de doutorado e não vai ter. Temos situação de alunos que estão precisando, temos situações graves, de bolsista falando de suicídio”, afirma o pró-reitor de pós-graduação. Ele diz que é possível encontrar um programa de pós-graduação no Brasil com bolsa ociosa, que não já tenha um destinatário. “Não vou dizer que não tínhamos (bolsas ociosas), mas posso dizer que a maior parte que foi recolhida diz respeito a bolsas que estavam disponíveis a pouco tempo, coisa de estar indicando um novo (beneficiado)”, garante Laerte.SoluçãoPara tentar reverter a situação, Laerte Guimarães enviou um ofício para a Capes para solicitar uma audiência. Ele reconhece a necessidade de melhorar a gestão da pós-graduação, mas diz entender que um corte linear e sem discussão não é mais adequado a ser feito. “Entendemos que eventualmente precisamos fazer remanejamentos, mas o que nos deixa frustrados é que as motivações por detrás desse corte são altamente questionáveis”, avalia.A suspensão das bolsas é mais uma diminuição de recursos financeiros da UFG. No dia 30 de abril, o MEC anunciou o bloqueio 30% do orçamento de três universidades federais. Titular do MEC, Abraham Weintraub, falou em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo que medida seria por conta de “balbúrdia”, que seriam “eventos ridículos” com a presença de pessoas peladas e integrantes do movimento sem terra. Já à noite, órgão disse que o bloqueio foi estendido para todas as universidade do país.-Imagem (1.1795033)