Um abraço coletivo em volta do Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo do Freua Bufáiçal marcou a tarde de ontem no Câmpus Samambaia da Universidade Federal de Goiás, na região Norte de Goiânia. O ato simbólico foi uma forma de protesto contra o bloqueio de 30% do orçamento de custeio e investimento da instituição de ensino superior, anunciado no final do mês passado pelo Ministério da Educação (MEC). Mais de 5 mil estiveram presentes, entre estudantes, professores e técnico-administrativos, segundo o reitor Edward Madureira. A mobilização começou mais cedo, com o início de uma assembleia geral convocada pela reitoria. Nela, Madureira apresentou argumentos contra o que seriam mitos sobre a universidade pública brasileira. Ele contestou afirmações de que os estudantes das federais são da elite financeira do país ou que são oriundos da rede privada. “Preponderantemente nós temos os estudantes de baixa renda”, afirmou ao apresentar a informação de que cerca de 60% dos alunos da UFG são de famílias de baixa renda. O reitor também questionou falas do titular do MEC, Abraham Weintraub, que afirma em vídeos que o bloqueio na verdade seria de 3,5%. O reitor esclareceu que a porcentagem não pode ser feita sobre o valor global do orçamento, já que estaria incluindo a folha de pagamento de professores ativos e aposentados, parte da verba que o governo federal não pode mexer. Na UFG, o bloqueio foi de R$ 32 milhões, sendo R$ 27 milhões na verba de custeio e R$ 5 milhões na de investimento.Outra discordância de Edward Madureira com o ministro é sobre a possibilidade de transferir recursos do ensino superior para o ensino básico. O reitor da UFG apresentou um texto que demonstra que mesmo realocando metade dos recursos das federais, o valor faria pouca diferença no ensino básico. “Querendo determinar uma etapa em detrimento da outra é destruir qualquer sonho de um país. Uma narrativa que está sendo construída que tenta nos colocar em contra com a educação básica”, afirmou. Ainda segundo Edward Madureira, se não houver o desbloqueio dos 30%, as universidades e institutos federais do Brasil devem começar a deixar de honrar seus compromissos financeiros entre agosto e outubro deste ano. No entanto, ele diz acreditar que esse cenário é possível de ser mudado. “Este é o início de grande movimento que vai reverter isso”, bradou o reitor na assembleia e foi interrompido por aplausos demorados. Entre os gráficos mostrados por Madureira, o que mais chamou atenção foi o que mostrou a queda das verbas de custeio e investimento, que já acontecem desde 2015, principalmente na parte de investimento, que é usado na construção de novos prédios e compra de materiais. A assembleia não foi deliberativa, apenas informativa e consultiva. Após a fala do reitor, representantes de entidades representativas e pessoas da plateia se inscreveram para fazer falas. O ato começou a se esvaziar após a fala do reitor. Na quinta-feira, uma outra assembleia estudantil deve reunir alunos da UFG, do Instituto Federal de Goiás (IFG), do Instituto Federal Goiano e até da Universidade Estadual de Goiás (UEG).