A umidade relativa do ar em Goiânia neste mês está 10 pontos porcentuais menor que o esperado para o período, ou seja, 32% menor. Enquanto a média histórica dos meses julho fica em 31%, o acumulado de 28 dias deste mês mostra que a umidade média da capital ficou em 21%. Com a expectativa de que o índice siga caindo pelo menos até setembro, especialistas alertam para a necessidade de cuidados individuais.O fator que está diretamente ligado à baixa umidade é a estiagem. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital não tem chuva generalizada há 104 dias. Considerando as precipitações localizadas, são 43 dias, já que o Inmet registrou três milímetros de chuva na estação situada no Setor Central.O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo), André Amorim, diz que outros municípios estão há 95 dias sem nenhuma chuva. A maior seca está concentrada nas cidades da região Centro-Norte. E não há expectativa de que este quadro seja superado em breve, já que as primeiras chuvas só são esperadas para o fim de setembro.Ainda assim, Amorim destaca que o cenário deste ano não pode ser considerado atípico. “O que está mais diferente dos outros anos são as manhãs mais frias. No ano passado não tivemos tantas manhãs com temperaturas amenas. Mas, em um balanço geral, não estamos em situação diferente”, destaca ao comentar o que tem sido observado na Região Metropolitana de Goiânia.Para as próximas semanas a previsão é de que as manhãs sigam mais frias, que darão lugar ao calor cada vez mais intenso ao longo do dia. Enquanto as temperaturas sobem, a umidade deve seguir caindo. “A expectativa é de mínima 12% em agosto, podendo chegar a 8% em setembro”, informa Amorim.A umidade em 8% é a mais baixa já registrada na capital, índice que tem sido alcançado anualmente desde 2014. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível ideal de umidade do ar para o organismo humano gira entre 40% e 70%.PoluiçãoAlém de seco, o ar está cada vez mais poluído. André Amorim, do Cimehgo, explica que os horizontes acinzentados decorrem principalmente de queimadas. “Há uma contribuição dos gases emitidos pelos carros, mas em menor proporção”, cita o gerente. O acúmulo só deve ser dispersado com a chegada das primeiras chuvas.“Neste momento ainda estamos com uma a qualidade do ar regular. Não é boa, mas é regular e vai continuar assim, já que não temos expectativa de chuvas”, cita André. A estimativa atual é de que as primeiras chuvas sejam registradas em setembro, mas a temporada chuvosa deve se estabelecer só a partir de outubro.O recorde de estiagem é de 1961, quando a capital passou por 156 dias sem chuvas, entre os dias 11 de maio e 13 de outubro. O maior período de seca dos últimos anos foi registrado em 2017, com 129 dias sem nenhuma precipitação.A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) estima que a estiagem ainda deve durar cerca de 80 dias e por isso tem abordado a importância do uso consciente da água para afastar o racionamento.Impactos na saúde podem ser evitadosA médica Germana Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia - regional Goiás (ASBAI-GO), diz que os cuidados com a saúde devem ser redobrados com a chegada do tempo seco. Esses cuidados vão além do uso de umidificador, que é o item mais lembrado.Germana explica que em específico sobre o sistema respiratório há impactos diretos já no início do processo de respiração. “Uma das funções do nariz é aquecer e hidratar o ar para que as trocas gasosas sejam feitas de forma mais tranquila no pulmão. Com o tempo seco essa função fica prejudicada e aí vem a importância de fazer a hidratação”, destaca. A médica otorrinolaringologista Adriana Miguel diz que a mucosa ressecada é o que provoca o início das tosses, que se tornam muito comuns nesta época do ano. “Mas não só. Também há coceira nos olhos e no nariz. E com essa coceira nós ficamos mais suscetíveis a infecções”, aponta a especialista citando doenças como rinite e sinusite como as mais comuns. Germana diz que os umidificadores são considerados eficazes, mas precisam ser utilizados observando diversas questões. “A pessoa tem de se lembrar de limpar sempre, do contrário ela vai respirar um ar que pode ter impurezas e proliferação de fungos”, cita. Sobre o tempo de uso, Germana explica que ele vai variar do tamanho do ambiente e da temperatura. O recomendado é de no máximo quatro horas contínuas. Há outros cuidados indicados. “Se a pessoa sente sensibilidade nos olhos, dá para usar colírios de lágrimas. Lavagem nasal com soro fisiológico pelo menos duas vezes ao dia e se hidratar bebendo muita água durante o dia”, cita Adriana. A alternativa mais indicada aos umidificadores é o uso de uma toalha molhada no quarto. O uso de baldes não é indicado pelos riscos oferecidos a crianças e não é considerado eficaz, conforme demonstrado em estudo conduzido por pesquisadores da PUC-GO (veja quadro). Leia também:- Confira dicas para amenizar consequências do período de seca em Goiás- Goiânia completa cem dias sem chuva e Meia Ponte está em alerta- Temporada de tosse: saiba reconhecer os tipos e os perigos-Imagem (1.2499831)