Quando chegou à graduação de Biologia na Universidade Federal de Goiás (UFG), Marco Aurélio Mendes Elias tinha consolidado seus estudos iniciais em escolas públicas. A pesquisa para o mestrado foi financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), um valor de R$ 1,5 mil. “Chegar até aqui não foi fácil. Nossos colegas pesquisadores no exterior ficam impressionados em como conseguimos desenvolver pesquisa de alta qualidade com tão pouco dinheiro. Pesquisa científica é muito importante para o desenvolvimento de um país, mas no Brasil não recebemos a atenção que deveríamos ter dos governantes.”Em menos de uma semana de publicação, o artigo dos pesquisadores da UFG na Biological Journal of the Linnean Society foi acessado por cientistas de várias partes do planeta, como Japão, Índia, Reino Unido, El Salvador e Sri Lanka. “O Brasil é o país mais biodiverso do mundo, mas sem amparo fica impossível estudar toda essa riqueza”, afirma o biólogo, que fez seu mestrado em biodiversidade animal e agora se dedica ao doutorado em ecologia e teoria da evolução dentro do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da UFG. O programa é o único do Centro-Oeste na área de biodiversidade a receber nota 7, a avaliação de excelência da Capes.Para Marco, é muito importante que a sociedade saiba para onde está indo o dinheiro investido nas universidades públicas. “O que estamos produzindo é para a sociedade, por isso precisamos de recursos. As universidades sofrem um estrangulamento orçamentário. E muitas vezes o dinheiro para pesquisa sai do nosso próprio bolso.” A exemplo de uma infinidade de outros cientistas brasileiros, o plano do pesquisador goiano é tentar um intercâmbio durante o doutorado em universidades estrangeiras, com predileção para o Reino Unido, onde estudos em sua área são mais aprofundados.