Embora o número da demanda do transporte coletivo na região metropolitana de Goiânia esteja, em média mensal, 2% maior do que em 2020, a quantidade ainda é muito aquém do que se via em 2019. A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) ainda não faz projeção de cenário para 2022, mesmo com a perspectiva positiva frente às mudanças no sistema, com a aplicação de subvenção econômica que vai congelar o valor da tarifa, a criação de novos modelos de tarifação e investimentos na frota. Assim mesmo, há uma aposta no aumento da demanda especialmente com a entrada de usuários de curtos trajetos, especialmente pela implantação da meia tarifa para linhas com até 5 quilômetros de percurso.Para o presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, é preciso resgatar esse passageiro, o que deve ocorrer com a implantação das linhas curtas e com o CityBus 3.0, que será o transporte por demanda, via aplicativo, mas integrado ao sistema coletivo tradicional. Ainda estão sendo definidos os critérios técnicos sobre a funcionalidade do programa. “Temos de testar muito ainda, tem de ser algo estruturado, não sabemos mensurar isso”, avalia. A ideia, até então, é criar linhas específicas com a tarifa reduzida (a R$ 2,15) para fazer os trajetos curtos, como da Praça Cívica até o Setor Serrinha, por exemplo.O geógrafo Miguel Ângelo Pricinote acredita que as linhas curtas são um incentivo para os usuários. Ele acredita que a nova legislação, desde que bem aplicada nas operações, poderá fazer com que a demanda no sistema de transporte coletivo possa voltar ao que era até em 2017, quando se tinha uma média de 13 milhões de usos por mês. Atualmente, a média é de 6,3 milhões. “Tem dois pontos que podem ajudar nisso. Um é a inflação, especialmente com a alta dos combustíveis, sendo que a tarifa está congelada. Outro é a escassez dos motoristas de aplicativo, com redução na eficiência. O primeiro efeito vai ser nos usuários das curtas distâncias.”Pricinote explica, porém, que é preciso ver como a medida vai ser aplicada pelo sistema, pois, a depender da operação, pode não agradar o incremento de demanda. A consequência de uma má operação, neste caso, é um aumento da lotação nos veículos. “Temos de ver como a rede vai se comportar, não pode ter os veículos lotados, se não é pior”, diz. No caso de instituir linhas específicas para a meia tarifa, segundo ele, a medida parece ser a mais acertada tecnicamente. Isso poderia ocorrer com viagens alternadas em um trajeto, por exemplo, em que um ônibus faria a linha longa e o próximo seria da linha curta.Segundo Abreu, é necessário também estabelecer quais linhas seriam criadas, já que a ideia não é atender apenas a demanda mais central de Goiânia, que pode ter maior atratividade. “Há locais fora do centro que também possuem demanda de até 5 quilômetros”, diz. Um técnico, que atua no setor e prefere não ser identificado, aponta que as linhas curtas apresentariam um incremento de até 50 novas linhas no atendimento da CMTC. Ele ressalta que o principal problema para a implementação prática da medida seria impedir que a operação diminua o atendimento nas linhas longas, especialmente das outras cidades metropolitanas, para que os veículos sejam usados apenas em curtas distâncias. Assim, para a proposta ser mais eficaz, é preciso ter um incremento de novos veículos.