-Imagem (1.2354969)Um caso de racismo ocorrido em Goiânia ganhou atenção da população nesta segunda-feira (15). Um homem ainda não identificado foi detido em um hipermercado da capital, no Setor Marista, após reclamar por estar sendo atendido por “uma preta”.O fato chamou atenção depois que vídeos que mostram o momento da prisão começaram a circular nas redes sociais. Nas imagens, o homem é abordado por policiais militares em um estacionamento enquanto uma mulher de vestido preto e verde diz que ele deve aprender a respeitar as pessoas.O rapaz, de camiseta vermelha, também recebe uma bronca dos policiais. Quando é levado para a viatura, as pessoas presentes aplaudem. De forma debochada, ele também aplaude e manda beijos.A mulher de vestido que aparece no vídeo é a técnica de enfermagem Thaís Cruvinel, de 23 anos. Ela contou ao Popular o que aconteceu nos momentos que antecederam os acontecimentos dos vídeos.Thaís relata que, por volta das 18h deste domingo (14), estava na rampa do hipermercado Extra com o namorado quando ouviu o rapaz gritando muito e dando um tapa no balcão. “Fico 30 minutos esperando e quando sou atendido, sou atendido por uma preta? Odeio preto”, teria dito o homem.“A moça abaixou a cabeça sem graça e eu gritei para ele: ‘Larga de ser racista’”, conta Thaís. Segundo ela, o rapaz respondeu mostrando o dedo.Em seguida, ele teria corrido em direção ao estacionamento. “Corremos atrás e outras pessoas que presenciaram correram também”, diz a técnica de enfermagem. “Chegando lá, ele tentou entrar no carro dele, mas meu namorado pôs a mão na porta para ele não escapar.”Thaís relata que, em seguida, a mãe do homem chegou e começou a agredir a ela e ao namorado dela com arranhões, mordidas e puxões de cabelo. “Ficamos lá apanhando por uns 30 minutos e ninguém fez nada. Muita gente ficou só olhando. Mas eu falei que eles só sairiam de lá quando a polícia chegasse”, comenta Thaís.Durante a espera pela PM, o homem teria repetido que odiava “preto e pobre”. Com a chegada das viaturas, começaram as cenas vistas nos vídeos, que culminaram com a ida dos envolvidos a uma delegacia da região.Thaís diz que encorajou a atendente alvo dos insultos a depor sobre o caso. “Falei para ela: ‘Ficamos apanhando aqui, estamos machucados e gostaria que a senhora fosse com a gente’”. Mesmo com medo e chorando, ela foi, afirma a técnica de enfermagem.Thaís não soube informar à reportagem por quais crimes o rapaz foi autuado, mas garante que ele permaneceu preso pelo menos até por volta das 22h, quando o namorado dela deixou a delegacia.O POPULAR entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar na tarde desta segunda-feira (15) e não obteve retorno. A assessoria da Polícia Civil disse que o homem foi autuado em flagrante. O Extra informou que levantaria informações sobre o caso, mas não houve resposta até o momento da publicação desta matéria.A reportagem também entrou em contato com o titular do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), que não recebeu o caso até o momento. O titular, delegado Joaquim Adorno, informou que a especializada funciona apenas no expediente.