A vacina para o coronavírus (Sars-CoV-2) deve ser ofertada prioritariamente ou até exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a previsão é que as primeiras doses cheguem entre fevereiro e março de 2021. Os produtores devem requerer a comercialização para a rede privada, que deve ser aprovada para depois da pandemia. A afirmação é de Cristiana Toscano, pesquisadora da Universidade Federal de Goiás (UFG), membro do Grupo Consultivo de Especialistas em Imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS) e representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) em Goiás. Na noite desta quinta-feira (15), a pesquisadora que é epidemiologista e infectologista foi convidada a participar da XXII Jornada Brasileira de Imunizações para um painel sobre a necessidade de estruturar um Programa Nacional de Imunização (PNI). A maior probabilidade até o momento é de que sejam necessárias duas doses e de que os primeiros grupos selecionados envolvam profissionais de saúde, idosos e adultos com comorbidades. No grupo prioritário são considerados outros profissionais essenciais e adultos que vivem em áreas com maior risco de transmissão. Cristiana explica que mesmo com vários questionamentos ainda sem resposta, já existe um planejamento. Defende ainda que Estados e municípios se organizem, imediatamente, para que consigam executar a vacinação quando a mesma estiver disponível. “Existe a necessidade de vacinar 100% da população? Eu diria que não. Nenhuma vacina é dada para a população inteira. A função do planejamento é identificar as melhores formas para se cumprir a estratégia de saúde púbica. A primeira leva de vacinas não deve ser direcionada às crianças, por exemplo”, completa. Para minimizar o impacto social e econômico, por exemplo, a vacinação pode ser realizada para adultos saudáveis. A redução de doenças graves pode priorizar adultos com comorbidades de risco e a redução da mortalidade, por sua vez, pode mirar em idosos com idade superior a 65 anos. Também é preciso avaliar a preservação do sistema de saúde com a imunização dos profissionais. De uma forma geral, os objetivos da saúde pública incluem ainda prevenir a disseminação seja global, nacional ou regional e também evitar ou interromper novos surtos ou ondas. No Brasil são 35 mil salas de vacinas e é necessário planejar distribuição, armazenamento, sistema de informação e insumos como seringas, agulhas, caixas de descarte. O monitoramento de eventos relacionados à vacinação, bem como o treinamento de recursos humanos e a comunicação estratégica precisam estar presentes no plano de imunização.