Clínicas particulares em Goiás já iniciaram a preparação para oferecer doses de vacinas contra Covid-19. A oferta na rede particular deve começar pelo imunizante da AstraZeneca em todo o País. De acordo com a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), por enquanto, nenhuma outra fabricante sinalizou disponibilidade para o setor privado. Conforme as negociações que já tiveram início, empresas informaram ao O POPULAR que o preço do imunizante pode variar entre R$280 e R$350. Segundo a ABCVAC, o valor de venda na fábrica chega a R$151, o que é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Porém, cada clínica pode cobrar de forma diferente pelo serviço de aplicação, o que varia em cada localidade.Para a associação, a dose para o consumidor final pode ficar na média de R$300 a R$350. Para o cálculo, leva-se em consideração custos com logística, armazenamento, seguro, além da aplicação. Farmacêutico clínico e CEO da Vacina Life, Renato Antônio Campos Freire revela que a empresa entrou em contato com fornecedores, tanto laboratórios quanto distribuidores. Sobre o preço, explica que podem ocorrer descontos para pessoas que são assíduas, por exemplo, o que também pode fazer variar o valor. “Há interesse para deixar de reserva. Na rede particular, a monodose já vem pronta, disponível e envasada para um uso”, pontua ao citar uma característica diferente da rede pública e que pontua ser um atrativo.ReforçoDiferente do calendário que deve ser seguido pelos postos de saúde, outro diferencial é que pelas clínicas ele lembra que a quarta dose poderá ser aplicada com prescrição médica. Uma das apostas para que clientes paguem por uma vacina disponível gratuitamente é o fato de que elas não estão limitadas às regras adotadas na rede pública, como a que estabelece que esse reforço seja aplicado somente a quem tem mais de 60 anos ou é imunossuprimido. Assim, pacientes de 18 a 60 anos, mesmo que não elegíveis nas orientações do Programa Nacional de Imunizações, com prescrição, podem se vacinar na rede privada. Por enquanto, não há informação de que as doses da AstraZeneca já tenham chegado às clínicas no Estado. Há expectativa de que isso possa acontecer nas próximas semanas. A reportagem procurou o laboratório, porém não obteve retorno até o fechamento desta matéria.As outras fabricantes também não confirmam vendas para o setor privado. O Instituto Butantan, em São Paulo, parceiro da Sinovac na produção da Coronavac informou que o foco neste momento é o atendimento das necessidades do PNI, especialmente em relação à faixa etária infantil. Porém, relata que recentemente atendeu solicitação do Sesi e participou de pregão para o fornecimento de vacinas contra influenza a mais de 100 mil colaboradores. “Essa iniciativa demonstra como o Instituto está, como sempre esteve, à disposição para atender demandas de governos e organismos multilaterais”, diz em nota. A Pfizer não respondeu os questionamentos encaminhados pela reportagem, mas já havia manifestado publicamente o foco no atendimento aos governos centrais. Opção No Estado, a Federação das Indústrias de Goiás (Fieg) chegou a tentar negociar a importação das doses no início de 2021.Agora, a partir da liberação da venda, há análise da viabilidade já que há distribuição gratuita em maior escala do que naquele momento. De acordo com o gerente de Saúde e Segurança do Sesi, Bruno Godinho, há acompanhamento da dinâmica do mercado. O assunto somente voltou à pauta do setor privado porque a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) teve fim em abril. Ela foi imposta pelo governo federal em 2020 e estabeleceu entre as regras que as vacinas contra Covid-19 só poderiam ser vendidas ao poder público. Mesmo com o potencial de venda, nem todas as clínicas consultadas pelo O POPULAR revelaram ter interesse em comercializar as doses disponíveis. Sócio da Climipi, o infectologista Boaventura Braz de Queiroz informou que a empresa não tem interesse na AstraZeneca para comercialização, “porque é uma plataforma que tem perfil de efeitos colaterais mais longo e mais preocupante e com tempo de validade próximo”. Esses dois pontos fizeram a clínica declinar do interesse em adquirir o imunizante. Porém, ele revela que há sim interesse em outras opções, “especialmente nas plataformas de RNA”. Essa preferência também tem relação, segundo ele, com os efeitos adversos. Leia também: -Vacinação contra Covid-19 em crianças não avança em Goiás-Goiás libera dose de reforço contra Covid-19 para adolescentes de 12 a 17 anos-Plano de saúde individual vai subir 15%, a maior alta em 22 anos