A Bacia do Rio Meia Ponte saiu do nível de alerta e atingiu o nível crítico 1 ao registrar como média em sete dias vazão inferior a 4.300 litros por segundo (l/s). A mudança na classificação foi divulgada nesta terça-feira (30) pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad Goiás) e implica na adoção de medidas para garantir o abastecimento de água. Entre as exigências nesta fase está a apresentação de um plano de racionamento para a região metropolitana de Goiânia pela Saneago. A implementação da medida é prevista caso o escoamento chegue a 2.800 l/s (nível crítico 3).De acordo com informação da Semad, a definição do nível crítico se baseou em um monitoramento das vazões do rio entre os dias 15 e 21 de julho. Neste período, a média entre as vazões registradas em dois horários distintos foi de 4.212,73 l/s, sendo 4.855,49 l/s a maior vazão e 3.730,65 a menor (veja quadro). Nesta terça-feira, pela manhã, a vazão era de 4.293 l/s.Diretor de produção da Saneago, Wanir Medeiros, informa que o local de medição da vazão é no ponto de captação da Saneago e estas oscilações nesta época do ano são normais pelo que acompanham, em função do múltiplo uso da bacia, como abastecimento urbano e também do setor produtivo, para usos como irrigação e dessedentação animal.A determinação de que já no nível crítico 1 a empresa apresentasse ao órgão regulador o plano de racionamento de uso da água é recente, da Deliberação nº 9, de 17 de julho, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte (CBH Meia Ponte). Em documento anterior, de abril deste ano, esta exigência só estava prevista para o nível crítico 2, com vazão de escoamento menor ou igual a 3.300 l/s. Segundo o presidente do comitê, Fábio Camargo Ferreira, a mudança atendeu recomendação do Ministério Público de Goiás.Segundo Medeiros, o plano de racionamento da Saneago está pronto desde a última sexta-feira (26). Até o final da tarde desta terça-feira ele disse que a empresa aguardava receber ofício da Semad, Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) ou Agência de Regulação de Goiânia (ARG) para enviar o referido documento.O diretor de produção informa que o plano que a Saneago irá apresentar prevê racionamento por bairros, abrangendo todos que são atendidos pelo Meia Ponte, que é responsável por 45% do abastecimento na capital. A previsão é que se ficaria um dia sem água, um dia em regularização de reabastecimento e outro com regularidade, reabastecido. “Pelo histórico do Meia Ponte e ações que temos feito acredito que é pequena a possibilidade de ter racionamento”.RioMedeiros informa que caso se chegue ao nível crítico 3, está prevista a captação de 800 l/s do sistema Mauro Borges para auxiliar o sistema Meia Ponte. “Mas a previsão é começar a usar no nível crítico 2 (vazão de 3.300 l/s) para manter a vazão remanescente”, diz ele, que acrescenta que nessa fase seria usado um volume menor. No nível crítico 2 a Deliberação do CBH Meia Ponte é de manter a vazão de 2.300 l/s - montante que a Saneago tem outorga - para o abastecimento público da região metropolitana de Goiânia, sendo cobrado um mínimo de 1.000 l/s para vazão remanescente. Medeiros informa que a adutora entre os dois sistemas já está pronta para operação. Mesmo com racionamento, seca em trecho do rio não é descartadaPresidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte (CBH Meia Ponte), Fábio Camargo Ferreira, informa que manter a implementação do plano de racionamento apenas no caso de se chegar ao nível crítico 3 - com vazão de escoamento menor ou igual a 2.800 l/s - leva em consideração critérios técnicos. Ele informa que desde 2017 a Saneago passou a ter que apresentar o plano, sendo que neste ano é a primeira vez que ele será apresentado “com tanta antecedência”.Segundo Ferreira, apesar da outorga da Saneago ser de 2.300 l/s captados do Meia Ponte para abastecer a região metropolitana, no nível 3 terá disponível apenas 2.000 l/s. Número que pode ser ainda menor. Segundo a deliberação do comitê, nesse cenário será necessário manter a vazão remanescente de 500 l/s, com consequente redução progressiva da vazão captada para o abastecimento público. Nesse cenário, o presidente do CBH Meia Ponte não descarta que o rio possa secar em um trecho. “Se for secando tem de escolher: ou deixar água (para o rio) ou faz a captação só pra uso humano”. Ele informa que de 2016 para 2017, quando ainda não se tinha tanto estudo técnico como agora, a 100 metros após o ponto de captação, o rio secou. “Só que depois fazendo este trabalho não secou mais. Só vai secar se realmente não tiver outra condição. Mas a seca seria só neste ponto informado, porque mais à frente, outras vertentes caem no rio”, diz. Medidas para evitar desperdício de água e ampliar a fiscalização já começam a ser tomadas no atual nível crítico. A Semad foi procurada, por meio de sua assessoria de imprensa para informar detalhes de como essa fiscalização seria intensificada, mas não retornou à reportagem até o fechamento da matéria. A Saneago, segundo o diretor de produção Wanir Medeiros, já tem realizado várias ações, a exemplo da instalação de válvulas redutoras de pressão e da troca de hidrômetros. Além disto, ele diz que há 45 dias iniciaram um trabalho de identificação de vazamentos não visíveis, em ligações de água. André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo) pontua que a última chuva relevante foi dia 17 de maio, em torno de 40 milímetros (mm) e que, seguindo o que se tem visto, as chuvas só começam a ser regulares na região a partir do dia 15 de outubro. Ele alerta que o período chuvoso do ano passado para 2019 apresentou uma deficiência de 180 mm, considerado o período entre outubro a abril. E de janeiro a julho deste ano, pela climatologia, era para chover 900 mm e choveu 822 mm. -Imagem (1.1853512)