Frutas, água, chapéus, guarda-chuvas, panos de prato e de chão, balinhas, carregadores de celular, fones de ouvidos e muitos outros produtos são vendidos nos semáforos de Goiânia.Ambulantes usam os canteiros centrais de grandes avenidas para comercializar todos os tipos de produtos na capital. De frutas a componentes eletrônicos, assim que o sinal fecha e os carros param, os vendedores oferecem seus produtos para os motoristas, realizam uma ou duas vendas e correm novamente para o canteiro, onde se preparam para a próxima parada.Os motoristas que param no semáforo da Avenida 85, esquina com a avenida T-10, no Setor Bueno, recebem ofertas de pelo menos três vendedores, que também usam o canteiro central, como base para armazenar os produtos e onde se preparam a cada nova parada do semáforo.Um vendedor que não quis se identificar, trabalhando na Avenida 85, conta que antes era servente de pedreiro, mas estava com muita dificuldade em conseguir um emprego, então para sobreviver, logo começou a vender frutas nos semáforos. “A concorrência é pouca, porque geralmente são as mesmas pessoas e cada um vende uma coisa diferente” afirma.Daniel dos Santos, 48 anos, é proprietário de uma banca de jornal na avenida e diz que os ambulantes só prejudicam o gramado do canteiro central, mas pondera que o trabalho dos mesmos não atrapalha ninguém. “Cada um quer vender o seu peixe, não dá pra tirar o ganha pão de ninguém”. conclui Daniel, ao dizer que a falta de emprego causa o grande número de trabalhadores informais.Vários outros cruzamentos na cidade já são conhecidos como pontos fixos dos ambulantes. Na Praça Genaro Maltês, Setor Sul, todos os semáforos são ocupados pelos vendedores, que posicionam seus produtos no gramado com placas dos preços. Pelo menos três vendedores correm entre os carros, oferecendo, balas, panos de chão, sacos de lixo, biscoitos, entre outros produtos no Semáforo do fim da Avenida Fued José Sebba.Trabalhando no mesmo local há quatro anos, Raimundo Nonato, de 49, que também é porteiro à noite, diz que a maior dificuldade é o sol forte e o preconceito, mas não reclama das vendas. “Aqui a gente cumpre a meta do dia e já pode ir embora, não precisa ficar dando satisfação para o patrão”, conclui Raimundo antes de correr para a rua com o seu chapéu grande e os muitos panos de chão nos braços.O mesmo ponto é dividido com Irismar da Silva, de 42 , vendedor de biscoitos caseiros. Ele diz que não receberia no trabalho formal o mesmo que ganha trabalhando na rua. “Trabalhando fichado, a gente não consegue pagar o aluguel e as contas da casa, aqui a gente tira o que precisa pra pagar tudo”, conta Irismar, que afirma ter deixado o emprego formal há dois anos para trabalhar como ambulante.Segundo Irismar, seu rendimento melhorou muito, pois no trabalho formal não ganhava mais que um salário mínimo e completa. “Não tem patrão, não tem horário e ainda ganho mais.”Pedido por regularização Na avenida Quarta Radial, Setor Pedro Ludovico, o vendedor de panos de chão e tapetes Paulo Henrique, de 48 anos, disse que é o único trabalho que consegue para manter a família, mesmo assim, preferiria que a Prefeitura fizesse uma proposta para regularizar o trabalho. “Preferia que a Prefeitura desse uma oportunidade ou fizesse uma proposta. É melhor trabalhar tranquilo, sem medo do rapa (fiscalização municipal)”. Paulo diz que nunca teve sua mercadoria apreendida em 10 anos, mas já viu muitos perderem tudo, justamente por não serem regularizados. A reportagem procurou a Secretaria do Planejamento para obter uma resposta sobre a fiscalização e a situação dos vendedores, mas até o fechamento desta edição não teve resposta. (Vinicius Pereira é estagiário do convênio ente o Grupo Jaime Câmara e a Faculdade Araguaia)-Imagem (Image_1.1791455)