As visitas íntimas no sistema prisional de Goiás estão proibidas desde quarta-feira (18). Foi promulgada uma lei que veta este tipo de encontro entre presos e pessoas de fora da cadeia sob a justificativa de que representa um risco para a segurança pública. A demanda é antiga entre os agentes de segurança, mas sempre causou polêmica e discussões com autoridades que vêem a questão como inconstitucional. A lei vale também para o presídio militar.A lei estadual 21.784 foi publicada na edição desta quarta-feira (18) do Diário Oficial do Estado (DOE) com a assinatura do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), deputado estadual Lissauer Vieira (PSD). Isso porque o governador Ronaldo Caiado (UB) não se manifestou pelo veto ou sanção do projeto que deu origem à lei e foi aprovado no dia 8 de dezembro.O promotor Fernando Krebs, que responde pela 25ª Promotoria de Justiça de Goiânia, com atribuição difusa na execução penal (fiscalização do sistema prisional), diz que a lei é inconstitucional e que vai acionar a Procuradoria Geral da República (PGR) para entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI).A visita íntima está prevista em resolução federal, que inclusive foi revista em novembro de 2021 pelo Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), para se adequar a padrões internacionais e resolver questões de segurança que estavam afetando cadeias pelo Brasil, principalmente as sob controle informal de facções criminosas. Leia também:- Cobal está com os dias contados em Goiás- MP recomenda extinção gradual do cargo de vigilante penitenciário temporário em Goiás- Homicídios na CPP ficam sem autoriaKrebs explica que este tipo de tema é de competência da União, mesmo que em alguns aspectos o Estado possa definir regras de execução penal. “A competência do Estado não abrange essa questão de direitos”, comentou. Entretanto, segundo ele, enquanto não houver nenhuma decisão da Justiça contrária a lei, esta segue valendo. “Inclusive para presídio militar estadual”, pontuou.Visitas íntimas são aquelas que acontecem fora do alcance do monitoramento e vigilância dos servidores da unidade prisional. Na lei aprovada pela Alego, é destacado que estão mantidas as visitas sociais, realizadas em locais próprios e com monitoramento.O projeto de lei havia sido apresentado em abril de 2019 pelo deputado estadual Henrique Arantes (MDB). As duas votações em plenário ocorreram em dezembro passado. Durante a pandemia de Covid-19, as visitas íntimas ficaram proibidas durante dois anos até determinação judicial para retomar. Depois, também foi vetado por falta de estrutura. A Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informa que já seguia uma portaria interna desde abril de 2022 proibindo as visitas íntimas e que desde o início da pandemia de Covid-19 não havia mais este tipo de encontro no sistema prisional. Quando havia, os presos recebiam a visita dentro das próprias celas, sem supervisão.O órgão se posiciona favorável à lei por, segundo a direção, avançar nas questões de controle do cárcere e informa que desde que as visitas íntimas foram proibidas não houve nenhuma reação por parte dos presos. “Esse veto é extremamente importante e não interfere na ressocialização, pois as demais visitas são mantidas e garantem o contato familiar que os presos necessitam com familiares. Essa proibição já era uma demanda antiga do sistema prisional.”Por fim, a DGAP destaca que há três opções de visitas em Goiás: brinquedotecas para crianças e adolescentes nas unidades prisionais, visitas com contato físico (abraço e aperto de mão) em espaço apropriado e conversas por telefone, separado por vidro.A reportagem entrou em contato com o Governo Estadual e aguarda retorno.