Disponível em alimentos como salmão, frutos do mar, manteiga, gema de ovo, leite e derivados, além da exposição ao sol, a vitamina D é importante para fortalecimento de ossos e dentes; prevenção de diabetes; melhora do sistema imunológico, muscular e também na saúde cardiovascular. A deficiência, por outro lado, pode causar fraqueza e dor nos músculos e ossos. A complementação, além de alimentar, pode ser feita por meio de comprimidos. Mas quando tomar e quais os riscos do uso em excesso?No início de julho, um caso de overdose de vitamina D foi publicado no BMJ Case Reports, um dos veículos mais influentes do mundo envolvendo publicações sobre medicina. Na ocasião, o paciente foi encaminhado ao hospital com vômitos recorrentes, náuseas, dor abdominal cãibras nas pernas, zumbido (zumbido no ouvido), boca seca, aumento da sede, diarreia e perda de peso. Ele chegou a perder 28 libras que equivalem a 12,7 kg.De acordo com a publicação, o homem sentia os sintomas há três meses e teriam começado cerca de um mês após o início de um regime intensivo de suplementos vitamínicos com o consentimento de um terapeuta nutricional. Ele apresentava vários problemas de saúde, incluindo tuberculose, um tumor no ouvido interno que resultou em surdez, um acúmulo de líquido no cérebro (hidrocefalia), meningite bacteriana e sinusite crônica.Quanto utilizar comprimidos?Diretor secretário do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO), especialista em farmacologia e mestre em Tecnologia Farmacêutica, Daniel Jesus explica que no Brasil os comprimidos de vitaminas D2 e D3 estão disponíveis sem prescrição médica. Apesar disso, ressalta que não se indica a suplementação de vitamina D para toda a população, e sim para aqueles com risco de deficiência. “Há recomendações específicas para indivíduos com esse risco, entre eles idosos, pacientes com osteoporose, obesos, grávidas e outros.”Em meados do século 20 houve uma onda de alimentos fortificados com a vitamina, como o leite, a fim de combater o raquitismo que nos bebês pode resultar em crânio macio, crescimento dos ossos de forma anormal e demora em sentar e engatinhar, por exemplo. “Hoje a onda são doses altas para tratamento de uma infinidade de indicações, mas sem comprovação de eficácia e evidência de segurança de doses. A vitamina D não demonstrou ser capaz de prevenir leucemia nem câncer de mama, próstata, cólon ou outros tipos de câncer. A suplementação de vitamina D não tem eficácia no tratamento ou na prevenção de depressão ou doença cardiovascular”, completa Daniel.SuperdosagemO paciente tomava altas doses de mais de 20 suplementos de venda livre todos os dias e no caso da vitamina D, a dose era de 150.000 UI, quando a necessidade diária é de 400 UI. Depois do aparecimento dos sintomas, ele parou de tomar o coquetel diário de suplementos, mas os sintomas não desapareceram.“Os resultados dos exames de sangue solicitados por seu médico de família revelaram que ele tinha níveis muito elevados de cálcio e níveis ligeiramente elevados de magnésio. E seu nível de vitamina D estava sete vezes acima do nível necessário para a suficiência. Os testes também indicaram que seus rins não estavam funcionando corretamente (lesão renal aguda)”.TratamentoA internação do paciente aconteceu durante oito dias e contou com medicamentos normalmente usados para fortalecer os ossos ou reduzir os níveis excessivos de cálcio no sangue. O nível de cálcio voltou ao normal dois meses após a alta médica, mas o nível de vitamina D ainda estava muito alto quando os exames foram repetidos.Os sintomas são variados e podem incluir- sonolência- confusão- apatia- psicose- depressão- estupor (entopercimento da inteligência e da capacidade de reagir a estímulos)- coma- anorexia- dor abdominal- vômitos- constipação- úlceras pépticas- pancreatite- pressão alta- ritmo cardíaco anormal e anormalidades renais, incluindo insuficiência renal- doença inflamatória ocular- perda auditiva ou surdez- rigidez articularLeia também: Alguns fatos sobre a vitamina DDupla acertada: Combinação de cálcio e vitamina D é eficaz para fortalecer a saúde óssea