Depois do petróleo, o óleo de cozinha pode se tornar o novo vilão da inflação global. Impactos na oferta do item no mercado internacional já elevam os valores do produto. Para se ter ideia, em Goiânia, a disparada fez com que o óleo de soja impactasse quase duas vezes mais o poder de compra da população do que o feijão em abril, conforme mostra prévia da inflação divulgada nesta quarta-feira (27) pelo IBGE. A expectativa não é boa para esse item considerado essencial na cozinha. A Indonésia, que é o país que mais exporta óleos vegetais no mundo, vai suspender parte das vendas nesta quinta-feira (28), pois há protestos contra a alta dos preços dos alimentos e a falta do produto em supermercados. A principal produção por lá é de óleo de palma. O produto mais próximo dele é o óleo de soja, que também tem sofrido alta nas cotações internacionais. Desde o início dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, o abastecimento mundial desses derivados vegetais foi comprometido. Cerca de 5,4 milhões de toneladas de óleo de girassol ucraniano eram exportados anualmente. Por isso, há pressão forte nos preços. InflaçãoNa capital goiana, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou variação de 1,98% em abril, a maior alta dos últimos 16 anos e entre os grupos com maior pressão está a alimentação com impacto relevante do óleo de soja. O produto alcançou incremento de 15,78% no mês e de 26,90% no ano, além de acumular aumento de 39,13% nos últimos doze meses. Chefe do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira explica que a elevação dos preços internacionais puxa a alta juntamente com a taxa de câmbio. "Reflete os aumentos das commodities agrícolas e minerais e essa pressão em relação ao conflito vale também para o óleo de soja, que é um item considerado essencial para a população de modo geral.” A guerra também contribuiu neste mês para que a farinha de trigo (6,12%) e o pão francês (5,54%) ficassem mais caros. Entre as novas pressões, além do bloqueio indonésio às vendas do óleo de palma, uma safra menor de canola no Canadá pode também impactar ainda mais os preços de óleos de cozinha no mundo. A previsão de agência de estatísticas canadense é de queda de 7% na área plantada de canola este ano. Leia também: -Preço da gasolina sobe pela segunda semana e bate recorde em Goiás