O mercado acionário brasileiro nunca esteve tão barato e as empresas brasileiras nunca estiveram tão sólidas, o que leva analistas de mercado a apostarem que este é um bom momento para investir na Bolsa, desde que mantendo a visão de longo prazo. As maiores oportunidades de investimento foram discutidas nesta quarta-feira (23), no 1º Fórum de Family Office do Centro-Oeste (Nex Day), realizado pela Nexgen Capital, escritório credenciado da XP na região. O evento também discutiu assuntos como sucessão patrimonial, planejamento financeiro, os cenários do Brasil pós-eleição e as perspectivas, visando ajudar as empresas em suas tomadas de decisões.Tiago Reis, fundador da Suno Research, consultoria que ajuda o pequenos e médios investidores a ter sucesso na Bolsa de valores, lembrou que o endividamento das empresas listadas é baixo, os lucros estão vindo fortes e a locação de capital tem sido feita de forma inteligente. Se antes se faziam planos de crescimento megalomaníacos e aquisições caras, hoje isso não acontece mais na média, fora uma ou outra exceção. “Isso, somado ao fato das ações estarem com relação preço e lucro baixo, para quem pode investir no longo prazo, o investimento em ações pode fazer muito sentido hoje”, diz.Só não se deve investir um dinheiro demandado a curto prazo, quando as coisas são muito voláteis. Sobre onde investir, Tiago Reis ressaltou que algumas empresas são mais blindadas de cenários que ocorrem no Brasil. Um exemplo é o próprio agronegócio, que é muito forte em Goiás. “A cadeia da soja nos agrada porque a demanda pelo grão continuará crescendo, principalmente na Ásia e na África, e o setor está mais blindado de reflexos da economia nacional. O que acontece na China impacta mais o produtor de soja do que o que ocorre em Brasília”, explica o especialista.Leia também:- Juros seguem altos, mas PIB deve crescer, dizem analistas- Prazo para inscrição no processo seletivo com mais de 500 vagas da FAB termina nesta quinta (24)- Black Friday: Fiscalização encontra variação de preços de até 141% em promoçõesMesmo com o que acontece em Brasília impactando o mercado, com queda das ações, o cenário pós-eleições e o novo governo não devem ser problema. “Acredito que o presidente eleito tem percebido, ao longo dos últimos dias, que o gasto desenfreado pode trazer resultados trágicos, sobretudo na inflação e endividamento, que estrangula a capacidade de investimento no País. Temos visto que ele tem sido muito mais aberto às demandas da sociedade que pedem responsabilidade fiscal”, avalia Tiago Reis. Além disso, segundo ele, o Congresso tem uma consciência forte de que gastar mais do que ganha será prejudicial e deve acompanhar isso bem de perto. ‘Contra a manada’Fernando Ring, fundador da Suno Asset, também ressaltou este momento de baixos preços na Bolsa. “Quando a gente investe, é interessante ir contra a manada. Estamos num período de taxa Selic muito elevada no Brasil e o investidor fica numa zona de conforto deixando seu dinheiro no Tesouro Selic”, alerta. Mas no longo prazo, as ações rendem muito mais do que investir em fundos multimercado ou renda fixa. “Quando a gente analisa o preço, lucro das empresas e o prêmio de risco da bolsa, calculamos que para este prêmio de risco voltar para média, a bolsa teria de subir 40%”, diz.Segundo ele, investidores de longo prazo não tentam adivinhar o que vai acontecer como mercado no próximo mês ou semana, mas investem com este horizonte maior sabendo que esta classe de ativos é muito rentável. “Enquanto o investidor sai da bolsa e procura o falso conforto da renda fixa, a grande oportunidade está na própria Bolsa em formar e multiplicar o patrimônio das famílias”, adverte Fernando Ring. Mas o ideal é sempre ter um gestor cuidando dos investimentos e encontrando as melhores oportunidades.Ele concorda que o agronegócio seja um setor muito promissor no momento. “No mundo, 1 bilhão de pessoas passarão a comer carne, o que também deve favorecer a produção de soja, que é uma matéria-prima importante para produção de carne”, destaca. Mas o especialista ressalta também existem outros setores de grande potencial para investimentos, como os bancos no setor financeiro. “O que não faltam na Bolsa são boas oportunidades, com vários setores baratos, mesmo que alguns sejam mais cíclicos que outros”, destaca.O sócio co-fundador da Nexgen Capital, Lucas Oliveira, contou que o objetivo do evento foi aproximar o público local do mercado financeiro e das pautas que os envolvem, como sucessão patrimonial, planejamento financeiro e as possibilidades de investimentos. Grandes empresários como César Helou, do Laticínio Bela Vista, e Hugo Garrote, da São Salvador Alimentos (SSA), contaram sobre as experiências em suas empresas. “Acreditamos que, com informação, conseguimos tomar melhores decisões”, destacou Lucas.