O Ministério Público Federal (MPF) acompanha as cobranças realizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) à Enel Goiás. Diante dos indicadores de qualidade do serviço prestado no estado, a procuradora da República Mariane Guimarães de Mello Oliveira solicitou, no fim do ano passado, esclarecimentos em relação aos atos fiscalizadores, pois a empresa descumpriu o plano de melhoria. O POPULAR teve acesso ao documento com a resposta enviada em janeiro. A Aneel informou que será aberto um processo administrativo punitivo, porque a Enel teve um desempenho insatisfatório no Plano de Resultados firmado exatamente para tentar avançar na qualidade do atendimento à população. Mas ainda há análise de um recurso apresentado pela distribuidora para que uma punição seja aplicada. Em setembro de 2021, quando terminou o prazo para as melhorias, uma fiscalização foi realizada e confirmou que houve procedimentos que “não estão em conformidade com a legislação do setor elétrico”, sendo aberto o processo administrativo punitivo. Desde 2019, há acordos – além do acompanhamento normalmente realizado nas distribuidoras – para uma melhor prestação do serviço.Porém, o prazo para cumprir tem sido esticado. Novas metas foram definidas para setembro de 2022, no que se refere ao tema continuidade do fornecimento. Enquanto isso, a população percebe as dificuldades da empresa em avançar nesse indicador para enfim reduzir o tempo em que os consumidores ficam sem energia. Conforme mostrou matéria do POPULAR da última quarta-feira (02), a duração das interrupções (DEC) aumentou no ano passado. Diferente dos últimos três anos, a companhia apresentou, em 2021, uma piora. Os clientes da Enel Goiás ficaram em média 18,7 horas sem luz, ante 16,49 horas registradas em 2020, de acordo com dados divulgados pela Aneel. Algumas regiões sofrem mais do que outras com as falhas no fornecimento, em especial os municípios do norte goiano. A área de concessão da Enel é dividida em 156 conjuntos elétricos. Na maior parte deles, os limites regulatórios acompanhados pela Aneel são ultrapassados. Os consumidores ficam mais tempo no escuro do que o razoável permitido pelo órgão regulador. Com o novo prazo para o Plano de Resultados, foram definidas metas para 2022. De acordo com a Aneel, com base em ajustes feitos na proposta encaminhada pela distribuidora, o objetivo é que 62,18% dos conjuntos ainda fiquem fora do limite, o que significa um avanço. Pois, no ano passado, eram 79,49%. Em entrevista ao POPULAR, o diretor de Infraestrutura e Redes da Enel Goiás, José Luis Salas, explicou que em 2021 ocorreram desafios por trabalhar com indicadores de qualidade avaliados por conjunto. “Já era uma meta desafiadora. Para 2022 preparamos o plano de investimentos e manutenção com objetivo de poder cumprir os compromissos que temos.” Ele ressalta que os aportes feitos pela empresa estão acima da média do setor, pois somente de janeiro a setembro de 2021 foram R$ 1,48 bilhão. Entre os desafios para conseguir avançar, cita as condições climáticas do estado, que exigem maior resiliência da rede, além do tamanho dela e o tempo que ficou sem os reparos adequados.O diretor defende que está claro os investimentos e o compromisso que a empresa possui. Ele afirma que no termo de compromisso com o governo estadual há 113% de cumprimento, o que inclui maior número de conexões rurais e redução da demanda reprimida. “Trabalhamos investimento por qualidade e também o tema de crescimento de demanda. Quando houve a compra da Celg, havia 660 MVA de demanda reprimida, o que equivale ao consumo de Bogotá.”Só que para fazer esse atendimento Salas lembra que foi preciso investir em infraestrutura, novas subestações e linhas. “Fechamos 2021 com 57 MVA (de demanda reprimida).” Entre as principais obras entregues, que prometem ajudar no desempenho da companhia no estado, está a Linha de Distribuição de Alta Tensão (LDAT) Brasília Leste–Itiquira. Foram investidos R$ 40 milhões e a rede impacta o fornecimento de 24 municípios e 163 mil unidades consumidoras, o equivalente a mais de 400 mil pessoas atendidas. Ela deve ajudar a diminuir os problemas com energia elétrica no Nordeste goiano.-Imagem (1.2398621)