Após suspeita de irregularidades em contrato da Saneago, o governador Ronaldo Caiado (DEM) indicou o diretor-executivo de Liquidação de Estatais da Secretaria de Administração (Sead), Edson Sales de Azeredo Souza, para ocupar a diretoria de Gestão Corporativa da empresa. Se o nome for aprovado pelo comitê de elegibilidade e pelo conselho administrativo da companhia, ele substituirá Silvana Canuto Medeiros, que supostamente está envolvida em irregularidades em contrato do almoxarifado virtual da Saneago.Silvana também ocupava, até quarta-feira (5), o cargo de diretora-presidente interina da Saneago. Ela foi nomeada para substituir o titular, Ricardo Soavinski, durante as férias dele, de 23 de dezembro de 2021 até 9 de janeiro de 2022. No entanto, portaria publicada no final da tarde de quarta, assinada por Soavinski, nomeou o diretor comercial Hugo Cunha Goldfeld para a presidência interina da companhia até o retorno do titular. Uma fonte do Palácio das Esmeraldas afirmou que a decisão foi tomada pelo governador para o esclarecimento de denúncias. Goldfeld já esteve no comando da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego). Ele foi nomeado para o cargo no lugar de Marcos Cabral, em junho de 2020, após suspeita de favorecimento em vendas de áreas.Não há informação oficial sobre o motivo de Silvana ter sido retirada do posto de presidente interina. Até o fechamento desta edição, a diretora continuava oficialmente no comando de Gestão Corporativa. Silvana faz parte da equipe indicada diretamente por Soavinski, quando ele assumiu o comando da Saneago. O presidente é paranaense e foi escolhido por Caiado em novembro de 2018, ainda no período de transição de governo.Há nos bastidores a informação de que a Polícia Civil, por meio da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), e o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) trabalham em investigações relacionadas às suspeitas de irregularidades na Saneago. Em nota, a Polícia Civil informou que “os fatos estão sendo apurados mediante inquérito policial instaurado e que, no momento, não concederá informações e entrevistas a fim de não prejudicar o andamento das investigações”. Em 2016, a Saneago foi alvo da Operação Decantação. Na época, o Ministério Público Federal apontou prejuízo de R$ 5,2 milhões aos cofres públicos.DefesaTambém por nota, a Saneago confirmou que há indicação de alteração na diretoria de Gestão Corporativa da empresa e, conforme procedimento, o nome foi submetido ao comitê de elegibilidade, para analisar documentação e atendimento aos critérios da lei que trata de empresa pública, sociedade de economia mista e de suas subsidiárias. Em seguida, haverá deliberação do conselho de administração para escolha de novo membro da diretoria.“A Companhia implantou e tem priorizado a execução das melhores práticas de governança e compliance. Faz parte das rotinas de controle interno e externo, a solicitação de informações e auditorias sobre os contratos. E a Saneago presta todas as informações solicitadas, reforçando o compromisso da gestão em garantir a lisura em todos os processos”, diz o texto. A reportagem não conseguiu contato com Canuto e Soavinski. O MP-GO e o governo de Goiás também foram procurados, mas não houve retorno até o fechamento desta edição. IndicaçãoO convite para Edson ocupar cargo na diretoria da Saneago foi intermediado pelo secretário-geral da Governadoria de Goiás, Adriano da Rocha Lima. Edson confirmou o convite, mas ressaltou que a entrega de documentos e nomeação ainda dependem de trâmites envolvendo a Saneago e o Executivo, além dos processos internos da companhia.Edson é servidor efetivo do estado na área de gestão de finanças de controle e foi nomeado para o comando da liquidação de estatais em janeiro de 2019, início do governo de Caiado. Ele também é tio do ex-vereador Andrey Azeredo (MDB) e irmão da ex-deputada estadual Raquel Azeredo. Edson foi candidato a vereador de Goiânia em 2012 pelo Democratas, mas afirma que não tem atividade partidária desde aquela época.