O ataque dos Estados Unidos que assassinou o general iraniano Qassim Suleimani, na última quinta-feira (2), pode afetar a economia brasileira de diversas formas, a começar pelo aumento no valor do petróleo e do dólar. Mas também preocupa a balança comercial de Goiás. O Estado exporta principalmente milho, soja e carne para o Irã e somou no ano passado mais de US$ 132,803 milhões em produtos exportados.O temor dos especialistas é de que embargos ocorram e a região é importante para a expansão do comércio goiano no exterior. “O Irã é um país com bom desenvolvimento, incluindo níveis de educação e distribuição de renda. É um grande parceiro comercial do Brasil, um grande comprador de carne de Goiás e eles seguem interessados em reforçar essa parceria”, pontua o superintendente de Negócios Internacionais da secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), Edival Lourenço Júnior. “O consumo per capita cresce no Oriente Médio”, completa o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado (Sindicarne), Leandro Stival. Ele lembra que frigoríficos instalados no Estado se adequaram para oferecer a carne halal, cujo abate segue as regras do Alcorão, para atender o mercado muçulmano. Além disso, outra vantagem de manter boas relações é que há consumo de diferentes cortes, como a parte dianteira dos bovinos, que não têm entrada em países europeus, por exemplo. Após ação militar dos Estados Unidos, Leandro pontua que o setor fica atento às repercussões dos dois lados e com atenção para o futuro da logística até contratos financeiros. Mas ainda é difícil prever o quanto essa tensão entre os países pode afetar o Brasil e como o governo brasileiro vai agir. Expansão “Temos um comércio bom com os países árabes e muçulmanos e agora há uma encruzilhada. Com o Irã há comércio que se tornou significativo”, reforça o advogado especialista em comércio exterior, Sandro Waldeck. Ele cita que para conseguir esse mercado governos goianos anteriores realizaram missões internacionais e o principal ponto positivo do comércio com o Irã é a expansão de mercado que foi conquistada. “Quanto mais amplitude de mercado, melhor. Assim colocamos os ovos em vários cestos e uma crise tende a ter um impacto menor na economia. Para além da carne, o destaque de Goiás na relação com o Irã é maior para os grãos. Milho e soja são responsáveis pela maior fatia das vendas. O que também ocorre quando se analisa a balança comercial brasileira. Já quando se fala em importações o Estado não importou nada daquele país nos últimos quatro anos, segundo os dados do Ministério da Economia. Enquanto isso, os Estados Unidos estão entre os principais países de origem das importações goianas e de destino das exportações. Atenção também deve ser dada a esse fato, como reforça assessor econômico da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Cláudio Henrique de Oliveira. “Se houve retaliação ou entrarem em uma guerra, o cenário geopolítico pode mudar”, pontua ao citar que economia mundial pode sentir os efeitos quando os esforços de uma potência se volta para isso. De imediato, o economista explica que para as economias dependentes dos combustíveis fósseis já há reflexo importante. “O modal terrestre é o que prevalece para escoar os produtos goianos”, pontua sobre elevação do preço do petróleo. “Não sendo possível suportar as empresas repassam para os consumidores, há aumento da inflação e diminuição de consumo.”