A balança comercial goiana registrou superávit de US$ 3,66 bilhões em 2021. Segundo dados do Ministério da Economia, divulgados nesta semana, o Estado teve crescimento tanto na exportação quanto na importação, mas o resultado do acumulado do ano terminou com variação negativa de 23,98% em comparação ao alcançado no saldo de 2020. O que pode ser apontado como resultado dos reflexos da pandemia, que elevou a compra de insumos com a maior retomada das atividades econômicas no ano passado. Além disso, a crise hídrica também impactou o saldo comercial no Estado. De janeiro a dezembro, a importação cresceu 69,43%. Dentre os produtos que mais foram adquiridos está a energia elétrica – presente no grupo dos combustíveis minerais. O que fez diferença no resultado final, como analisa o superintendente de comércio exterior e atração de investimentos internacionais da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços (SIC), Plínio Viana. “O superávit poderia ter sido maior se não faltasse água e não precisasse importar fertilizantes que temos no subsolo do Estado e não foi explorado, importamos”, pontua. A demanda por energia fez dar destaque para Argentina como principal País de origem das importações e para o município de Cachoeira Dourada. A cidade do sul goiano foi responsável por 30,60% do valor importado no ano. “O incremento foi enorme da energia que vem da Argentina”, destaca. Apesar disso, o superintendente explica que o resultado também demonstra o crescimento habitual da economia goiana baseado no agronegócio, que é responsável pelos principais produtos exportados. Com destaque para soja e carnes. Este último, aliás, não teve impacto significativo mesmo com a suspensão das compras da China por mais de três meses por causa de casos atípicos de vaca louca no Brasil. ProdutividadeDe acordo com Plínio, o crescimento na importação, por outro lado, pode representar uma reação da produtividade goiana. “Energia é para consumo, bem como fertilizantes e fármacos. Os dez produtos mais importados são insumos para indústria e que quando aumentam mostram que o setor está produzindo. Goiás precisa ter importação ativa.” Ele cita como exemplo o setor automotivo cujo valor importado ampliou 41,83% em um ano, o que revela a reação após parada das fábricas em 2020. Para 2022, a expectativa é de que o câmbio favoreça as exportações de commodities e as menores restrições devido à pandemia também possam permitir maior reação da economia. Segundo o secretário de Indústria e Comércio, Joel Sant’Anna Braga Filho, o superávit da balança comercial foi percebido ao longo do ano e há boas perspectivas com a atração de novas empresas interessadas no Estado. “Há reconhecimento pela logística e o governo tem feito o papel dele ao demonstrar busca por equilíbrio fiscal, que é um sinal positivo que comprova compromisso e que aliviou as contas para ter como investir mais. Investimento que também alavanca a economia, além da atração de empresas privadas”, afirma o secretário. Com o valor do dólar, destaca que houve favorecimento e o resultado da exportação chegou ao recorde de R$ 9,2 bilhões especialmente pelo peso do agro. Para incentivar a melhoria no comércio e maior valor agregado nos produtos, o secretário afirma que há trabalho com mecanismos de financiamentos e que o resultado do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), por exemplo, tem se mostrado em modernização no campo. “Isso faz perder empregos? Não, mas faz gerar uma gestão do emprego com salários melhores e necessidade de contratar pessoas mais capacitadas.”Joel Sant’Anna destaca que a aposta para reduzir a dependência da venda de grãos e carnes está nas condições para expansão e instalação de novas fábricas. Entre os exemplos recentes, cita fábrica de processamento de soja para exportar ração para piscicultura, que deve ter como destino o mercado asiático, diferente da venda do produto in natura. Instalação de frigorífico suíno, projetos na área de avicultura e na produção de combustíveis integram lista de promessas. -Imagem (1.2382812)