Um quilo ou uma dúzia de bananas já não são mais vendidos ‘à preço de banana’, como diz essa expressão popular. Além de estarmos no período de entressafra, a produção da fruta caiu na última safra e ela ficou mais escassa no mercado e bem mais cara para o consumidor no varejo. Um quilo ou uma dúzia de bananas já podem ser encontrados por até R$ 10 nas feiras livres e supermercados de Goiânia, o que tem assustado o comprador. Os feirantes dizem que reduziram as compras pela metade para não correr o risco de sobrar produto na banca.Na Ceasa Goiás, a caixa com 15 quilos da banana maçã passou de R$ 95 no início de janeiro de 2021 para R$ 140 esta semana, uma alta de mais de 47%. “O preço nunca esteve tão alto assim. Nem macaco consegue mais comer banana”, brinca o feirante Natalino de Souza, que há 25 anos comercializa bananas nas feiras livres de Goiânia. Ele conta que a caixa da variedade prata, a mais vendida no mercado, já custa entre R$ 60 e R$ 80 no atacado, por isso hoje tem que comprar o mínimo possível para atender a clientela. “Para a feira de hoje (ontem), comprei apenas cinco caixas. Antes, comprava uma média de 10 a 12 caixas”, lembra. Com isso, Natalino já precisa vender a dúzia de bananas por R$ 8, o que faz com que cada unidade saia por R$ 0,70 e tem provocado muita reclamação dos clientes. “Antes, eu vendia a dúzia por R$ 5 e ainda tinha lucro. Agora, mesmo com este preço bem mais alto, não estou ganhando quase nada”, garante o feirante.Aguimar Antônio de Lima, que comercializa bananas das variedades maçã, prata, nanica e terra em feiras livres desde 1975, também garante que nunca viu preços tão altos assim. Com a caixa da banana maçã de primeira custando até R$ 140 (R$ 9,33 o quilo), ele conta que a saída para ter preços mais razoáveis tem sido comprar apenas o produto de segunda linha, que ainda pode ser encontrado por R$ 90 a caixa. “Os clientes estão reclamando muito do preço e hoje (ontem) praticamente não tinha banana para vender no mercado. Na Ceasa, tinha só uma quantidade pequena do produto de primeira linha”, ressaltou o feirante. Na tentativa de pagar menos, a saída também tem sido comprar o produto direto dos produtores, na roça mesmo, para evitar o gasto com atravessadores. “Mesmo assim, está mais difícil encontrar banana para comprar. Acredito que o preço só deve começar a cair a partir do fim de fevereiro”, prevê Aguimar, que também reduziu muito as compras para não sobrar produto na banca.Custos altos Os altos preços dos insumos, como fertilizantes e defensivos, levaram os produtores a plantarem menos banana em 2021. Para piorar, a estiagem prolongada no ano passado reduziu a produtividade nas lavouras. O fruticultor goiano Edmar Cardoso de Oliveira, de Itaguari, conta que reduziu a produção em 30% por causa da alta no custo dos insumos. “Este ano, devo diminuir em mais 20%, ou seja, vou produzir apenas metade do que colhia antes”, avisa.O motivo, segundo ele, foi a alta no custo de produção, após fortes reajustes nos preços de vários insumos ao longo do ano passado. Edmar lembra que um mesmo defensivo que custava R$ 320 em novembro de 2020, hoje já sai por R$ 1.900. “O arrendamento de um pedaço de terra, que custava R$ 4 mil, hoje não sai por menos de R$ 10 mil. Sem falar no preço do diesel. Tudo ficou bem mais caro e inviabilizou a produção”, ressalta.O produtor explica que o plantio da banana ocorre nos meses de outubro, novembro e dezembro para colheita quase um ano depois. Por isso, ele prevê que a escassez da fruta continuará ao longo deste ano e que o cenário só mude em 2023, quando a produção deve voltar a crescer motivada por esta atual elevação dos preços. “Todo mundo está plantando menos. Além do custo alto, também falta mão de obra”, afirma.O gerente técnico da Ceasa Goiás, Josué Lopes, confirma que a oferta de bananas foi menor este ano. Ele lembra que esta é uma cultura que precisa de muita água para ter boa produtividade e que hoje enfrenta uma ressaca da estiagem de 2021. Por isso, o preço da caixa da banana maçã já bateu o recorde histórico na Central este ano. “Com isso, há uma transferência do consumo para outras variedades mais baratas. O feirante passou a comprar bem menos que antes e, mesmo assim, não consegue vender tudo com o quilo a R$ 9 no atacado”, destaca.