O Banco Central revisou para baixo sua projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2022 nesta quinta-feira (16). De acordo com o relatório trimestral de inflação, a autoridade monetária espera que a atividade cresça 1% no período.No documento anterior, de setembro, a previsão era de elevação de 2,1%.A estimativa do BC está acima das projeções do mercado. Nos últimos meses economistas têm reduzido as expectativas para o desempenho da economia no próximo ano.Com a deterioração do cenário econômico e aumento do risco fiscal, instituições financeiras e casas de análise esperam alta de 0,5% no PIB de 2022, segundo o relatório Focus desta semana. Há um mês a expectativa era de 0,93%.O BC justificou que surpresas negativas em dados recentes sugerem desaceleração da atividade no próximo ano. Além disso, a autarquia atribuiu à piora da projeção o aumento da inflação e o do risco fiscal. Para este ano, o BC espera crescimento de 4,4%, abaixo dos 4,7% projetados no documento de setembro.“Corroborando a evolução menos favorável da atividade, os indicadores de confiança de empresários e consumidores, particularmente relevantes para entender a atividade ao longo do trimestre corrente, recuaram nos últimos meses. Dessa forma, o resultado abaixo do esperado no terceiro trimestre e a piora nos prognósticos para o quarto reduzem a projeção de crescimento para 2021 e o carregamento estatístico para 2022”, afirmou o BC.“Agropecuária pesa para o outro lado. Como caiu em 2021, a contribuição para 2022 sobe e há uma perspectiva de safras melhores em 2022. Isso ajuda o PIB e explica parte da diferença do nosso dado com o Focus”, ressaltou o diretor de Política Econômica, Fabio Kanczuk.Ele pondera, entretanto, que há um aperto relevante nas condições financeiras, causado por fatores como parte longa da curva de juros, depreciação cambial e aumento do risco-país. “Isso implica em crescimento menor, explica boa parte de por que revisamos o nosso PIB para 2022.”Para a política monetária, Kanczuk ponderou que as condições financeiras têm efeitos diferentes em países emergentes e economias avançadas. “Em economias desenvolvidas condições apertadas significam inflação menor. No Brasil e nos emergentes, são ligados ao risco fiscal”, destacou.Para a inflação, Banco Central o manteve a probabilidade de 100% de estouro do teto da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) de 3,75% para 2021, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo. Dessa forma, o indicador não poderia ultrapassar 5,25%. A projeção do BC no cenário central é de 10,2%, quase o dobro do máximo permitido.