Alguns bares e restaurantes de Goiânia estão vacinando todos os seus funcionários contra a gripe para prevenir o afastamento dos trabalhadores por conta do recente surto da doença, num período do ano importante para o faturamento do setor. Alguns estabelecimentos já registraram um aumento do número de atestados médicos apresentados por colaboradores nos últimos dias, o que pode prejudicar o funcionamento das empresas num momento de mão de obra já escassa no mercado.Ontem, o proprietário do Carne de Sol 1008, Clayton Gonçalves, estava vacinando todos os seus 166 funcionários contra a gripe. Ele conta que quase 30% do efetivo já apresentou atestado médico por conta do surto nas últimas semanas. “Chegamos a pensar até na possibilidade de fechar uma das unidades”, lembra. Através de uma parceria com o Senai, a empresa conseguiu um desconto que fez o preço da dose cair de R$ 45 para R$ 20. Segundo o empresário, na semana que vem será a vez de vacinar os familiares deles. “Demos o pontapé e vários bares já estão manifestando o interesse de fazer o mesmo”, destaca.O restaurante Coco Bambu também já imunizou funcionários contra a gripe. O sócio proprietário Anis Cézar Chehab Neto conta que vacinou parte da equipe na última quarta-feira com a Tetravalente que protege contra cepas da H1N1 e H3N2. Ele conta que 10% da equipe já apresentou atestado médico nos últimos dias por causa de sintomas da doença. “Num momento de muitas vagas em aberto no setor, atestados tornam a operação mais difícil de gerenciar. Além disto, a vacinação é uma forma de ajudar na proteção da equipe e evitar a proliferação entre familiares”, justifica o empresário.Para o presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes de Goiânia (Sindibares), Newton Emerson Pereira, a onda de gripe tem afetado o comércio de maneira generalizada e os estabelecimentos do ramo têm tomado providências para contornar o problema vacinando seus funcionários. “Ontem e hoje (quarta e quinta-feira) vacinamos mais de 500 trabalhadores para prevenção. Estamos nos antecipando para evitar um problema maior”, disse.Newton informa que o Sindibares está intermediando ações junto a clínicas de vacinação para que seus bares e restaurantes possam adquirir vacinas com desconto, por R$ 20 cada dose. “Esta ação vai continuar nos próximos dias porque mais estabelecimentos estão aderindo para evitar a apresentação de muitos atestados, que prejudicam o funcionamento das empresas neste momento”, estima o presidente do sindicato.O presidente da Associação de Bares e Restaurantes de Goiás (Abrasel-GO), Danillo Ramos, ressalta que a vacinação tem sido mais uma medida preventiva adotada pelos estabelecimentos para evitar um aumento dos afastamentos de funcionários por causa dos sintomas da gripe. Isso porque algumas empresas já registraram aumento da apresentação de atestados médicos pela doença. “Esta é uma época em que os bares e restaurantes precisam muito de mão de obra, que já está mais difícil”, avalia Ramos. Outros setoresVários setores, e não apenas bares e restaurantes, têm sido impactados com o afastamento de funcionários com sintomas gripais. A preocupação é ainda maior em escritórios, que são ambientes fechados, e no comércio, que atende um grande número de pessoas diariamente. “Isso não deixa de preocupar o comércio, que está num processo de retomada das vendas, logo após os problemas causados pela Covid-19”, alerta o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Goiás (Sindilojas-GO), Eduardo Gomes.Por isso, ele recomenda que os lojistas continuem cobrando de seus funcionários e clientes o uso de máscara, álcool em gel e o distanciamento. “Além disso, a vacinação também é importante para aumentar a segurança”, recomenda.Até a construção civil já está sendo afetada. Responsável por uma obra da Marajó Empreendimentos em Goiânia, o engenheiro Talles Yorran conta que 26 funcionários, de um total de 75, apresentaram atestado médico na última segunda e terça-feira e outros 20 na quarta-feira por conta de sintomas de gripe.Ele lembra que este grande volume de afastamentos prejudica a produtividade da obra. “É a primeira vez que vimos um número tão grande de atestados. Nem durante o auge da pandemia de Covid tivemos este problema nesta dimensão”, avalia o engenheiro, que também chegou a sentir os sintomas da gripe no início desta semana. “Procurei atendimento médico, mas desisti por causa da super lotação”, conta.