A Bolsa de Valores brasileira caiu 1,39% nesta quarta-feira (17), a 102.948 pontos, a mais baixa desde 12 de novembro do ano passado. A desvalorização neste ano chegou a 13,5% em 2021. O dólar subiu 0,49%, a R$ 5,52. O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário do país, acumula três quedas consecutivas e uma baixa de 4,32% deste a última quinta-feira (11). Analistas apontam o cenário de incerteza fiscal e a piora das perspectivas econômicas como as principais causas da deterioração.Neste pregão, outros fatores ainda pioraram o desempenho do índice, com destaque para desvalorizações no setor de commodities e um cenário de maior aversão ao risco no exterior.Ações de empresas frigoríficas fecharam em queda após proposta da Comissão Europeia de proibir a importação de produtos do agronegócio considerados ligados ao desmatamento e à degradação florestal. Os frigoríficos Minerva, JBS, Marfrig e BRF recuaram 3,34%, 1,73%, 1,09% e 0,62%, respectivamente.Para Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, o mercado passa a considerar mais seriamente que o País mira para cenário de descontrole fiscal, o que pode até mesmo levar o Ibovespa a cair abaixo dos 100 mil pontos. “O Ibovespa encontrou essa região mínima dos 103 mil pontos em 22 de outubro e, se o rompimento dessa barreira se consolidar, os movimentos de queda podem ocorrer de forma mais expressiva”, disse Oliveira.A tensão envolvendo o risco fiscal do País persiste enquanto há dúvidas sobre a aprovação no Senado da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. A PEC, que autoriza o presidente de Jair Bolsonaro (sem partido) a furar o teto de gastos e dar um calote nas dívidas judiciais da União em 2022, é aceita pelo mercado como uma saída para que o governo consiga pagar o Auxílio Brasil e, assim, possa fechar o Orçamento do próximo ano.Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, chama a atenção para o fato de Bolsonaro ter reafirmado intenção em reajustar o salário de todos os servidores públicos com os recursos abertos no Orçamento pela aprovação da PEC dos Precatórios. “Fiscalmente nem a PEC dos Precatórios tem cabimento, muito menos as pretensões expansionistas do governo, seja com reajuste de servidores ou com a própria elevação do Bolsa Família”, diz Sanchez. “A sinalização do presidente é muito ruim em termos econômicos. Primeiro mostra um desconhecimento orçamentário absurdo, mas também traz à mesa pretensões completamente descabidas pela ótica da restrição orçamentária”, afirma o analista.