O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu Daniella Marques, braço direito do ministro Paulo Guedes (Economia), para presidir a Caixa Econômica Federal no lugar de Pedro Guimarães.Guimarães é alvo de acusações de assédio sexual relatadas por funcionárias da instituição. O caso foi revelado na terça-feira (28) pelo portal Metrópoles, que relata também a existência de uma investigação no Ministério Público Federal.Interlocutores no Palácio do Planalto dizem que a manutenção de Pedro Guimarães à frente da Caixa Econômica Federal se tornou insustentável em meio às denúncias envolvendo o Executivo.SubistituiçãoDaniella Marques, por sua vez, é secretária especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia e vinha liderando a agenda Brasil Pra Elas, focada no público feminino e também uma forma de tentar impulsionar a imagem de Bolsonaro perante esse público.A expectativa é que Pedro seja demitido até às 15h, antes de Bolsonaro participar de debate na CNI (Confederação Nacional da Indústria). Aliados de Bolsonaro se irritaram com a resistência de Pedro a sair do cargo e passaram a manhã pressionando o presidente a demiti-lo.O presidente da Caixa quer deixar o posto como "afastado" para que as investigações do MPF sejam conduzidas.Integrantes da campanha de Bolsonaro, porém, defendem que ele o demita para demonstrar que rechaça o comportamento adotado pelo até então aliado de primeira hora.As acusações reveladas pelo portal Metrópoles afirmam que ao menos cinco funcionárias da Caixa dizem ter sido vítimas de assédio sexual por parte de Guimarães. Em um dos relatos, uma delas diz que uma pessoa ligada ao presidente do banco perguntou o que fariam "se o presidente" quisesse "transar com você?".RelatosSegundo a denunciante, durante uma viagem, ele estava na piscina e "parecia um boto se exibindo". Além disso, funcionárias recebiam chamados para ir no quarto de Guimarães, entre outros relatos. Uma funcionária da Caixa ouvida pela Folha de S.Paulo também relatou que foi assediada por Pedro Guimarães. Ela afirma ter sido puxada pelo pescoço e ter ficado em choque após o episódio."Aí quando fui sair, ele me puxou pelo pescoço e disse: 'Estou com muita vontade de você'. Saí da sala, em choque e chorando", afirmou ela. "Depois, em outro momento, ele já passou a mão pela minha cintura e foi abaixando, mas saí antes que piorasse."Procurado pela Folha para comentar as denúncias, o presidente da Caixa não respondeu. Ao Metrópoles, o banco informou desconhecimento acerca das acusações. Leia também: -Presidente da Caixa é suspeito de assédio sexual; manutenção no cargo é vista como insustentável -Menina denuncia padrasto por estupro após assistir palestra sobre abuso infantil, em Trindade-Indiciado por estuprar menina que revelou crime em desenho pode ser pai dela, diz políciaTCU vai fiscalizar políticas de combate a assédio sexual na CaixaA presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministra Ana Arraes, vai determinar nesta quarta-feira (29) a abertura de uma fiscalização na Caixa Econômica Federal para verificar toda a política de prevenção e combate ao assédio sexual no banco.A fiscalização do TCU deve mirar no levantamento de toda a política de prevenção e combate ao assédio sexual dentro da Caixa, examinando canais de denúncia, políticas de preservação do sigilo do denunciante, se há salvaguarda a quem faz uma denúncia e as regras de acompanhamento desses temas.Em 2020, a corte de contas iniciou uma auditoria operacional para elaborar uma radiografia do tema na administração pública federal. O processo foi relatado pelo ministro Walton Alencar.Um dos resultados foi a formulação de um modelo de prevenção e combate ao assédio, que deve servir de referência para futuras auditorias. O trabalho, porém, focou na recomendação das melhores práticas, sem tratar individualmente de eventuais falhas nos mecanismos já existentes dos órgãos públicos.No relato das funcionárias da Caixa surgiram acusações de que a corregedoria do banco não tratou as denúncias com o devido sigilo. Segundo o portal Metrópoles, uma das denunciantes disse que seu caso, após informado à corregedoria, chegou às mãos de auxiliares do gabinete de Guimarães.