-Imagem (Image_1.2147259)Enquanto 13,8 milhões de pessoas procuram emprego no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na quarta-feira (30), empresas disputam profissionais de Tecnologia da Informação (TI) e logística. A demanda nesse setor, que já era crescente, foi acelerada pela pandemia de Covid-19, que levou à expansão de home office e e-commerce, entre outras tendências. Projeção feita pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) confirma não só aumento de oportunidades em TI, como o surgimento, em até cinco anos, de novos profissionais, a exemplo dos que vão lidar com demandas vindas com internet ultrarrápida em um novo mundo on-line - o analista de soluções de alta conectividade -, e também o orientador de trabalho remoto. Com base nessa prospecção, é definida a oferta de cursos de formação e de aperfeiçoamento profissional disponíveis na plataforma Mundo Senai.O Brasil já enfrenta um descompasso, que deve se agravar, entre o número de pessoas formadas e especializadas e a necessidade do mercado de mão de obra qualificada. Levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) aponta demanda de 420 mil profissionais de TI até 2024 no País. Hoje, segundo a entidade, o Brasil forma 46 mil profissionais com perfil tecnológico por ano. Esse gargalo transparece no mercado. Fundada há 16 anos, a Memora Processos Inovadores conta hoje com 350 colaboradores e abriu em agosto 73 vagas em Goiânia, com salários que variam de R$ 2,5 mil a R$ 11 mil. Em Porto Velho, Rondônia, disponibilizou 16 vagas. Em Goiânia, 40% das vagas ainda estão abertas, ou seja, mais de 30, grande parte para desenvolvedor Java pleno e Java júnior.Sócio-fundador e presidente da empresa, Marcos Paiva explica que as novas vagas são direcionadas a um projeto para o governo do Estado e que em Goiás o foco maior tem sido o setor público. Mas diz notar um aumento de interesse das empresas goianas por inovação. “As transformações se aceleraram com essa pandemia, precipitando a necessidade de novos serviços de tecnologia para facilitar o que estava nos planos e precisa agora acontecer mais rapidamente”, avalia o empresário. Segundo ele, o preenchimento de vagas tem sido mais lento, o que atribui ao aumento do trabalho remoto e às “dinâmicas se modificando”. “É a lei da oferta e da procura, e ocorre no mundo todo. Profissional de TI não se forma da noite para o dia, há requisitos específicos, habilidades construídas ao longo do tempo. Daí a importância de investir em formação, principalmente técnica-profissionalizante”, comenta Marcos. Ele traça um perfil abrangente de profissionais, que varia de 18 a mais de 50 anos e ainda é predominantemente masculino, embora as mulheres estejam ampliando participação também nesse setor. Capacidade de inovar e encontrar soluções é muito buscada, diz. Empresas voltadas à modernização e melhoria de processos digitais não estão passando pela crise que afeta a economia em 2020, conforme analisa o presidente da Memora. Ao contrário. Para a empresa, segundo ele, o primeiro semestre foi 40% melhor em comparação com o mesmo período de 2019. No ano, ele estima crescimento de 20% em relação ao ano passado. “Os profissionais mais experientes trazem bagagem que ajuda muito no alcance dos objetivos.”Jefferson Silva de Almeida, 52 anos, carioca que desde 2015 mora em Goiânia, passou a ocupar desde setembro uma das vagas oferecidas pela Memora. “Já estava olhando outras vagas, recebi até propostas, a maioria em São Paulo e Brasília, de ficar em home office durante a pandemia, mas depois, devem adotar regime híbrido, parte remota, parte presencial. Optei por ficar em Goiânia”, conta ele, que está se graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.Há 25 anos trabalhando em TI, Jefferson fala da rapidez cada vez maior das mudanças. “Desde que surgiu a internet, saímos da posição micro para a macro, do regional para o mundial. Vinte anos atrás, novidade resistia por seis meses, agora pode não durar horas, a resposta é instantânea.”Para o profissional, cuja atuação é voltada a servidores de aplicações de grande porte na web, vale a pena trabalhar com tecnologia. Ele conta que tem um filho de 22 anos que vai se formar em TI. “É um mercado que tem espaço para todos, muito aquecido. Espaço para lidar ainda com velhas tecnologias e com novas, para perfis variados. Tem de estar aberto para aprender, para inovar, o mercado exige isso.” Vagas para analistas de testes, negócios e desenvolvedores também estão sendo oferecidas pelo Grupo Siagri, companhia que tem unidades em Goiás e no Paraná, desenvolve softwares para o agronegócio e já contratou 29 funcionários no período de março a setembro. Gerente de gestão da companhia, Andrielle Queiroz confirma que a pandemia aumentou a demanda por serviços de automação e tecnologia.“O agronegócio aderiu ainda mais a serviços de tecnologia da informação, buscando elevar a competitividade e manter a rentabilidade. Os empresários querem organizar a gestão, tomar decisões baseadas em dados e estar em dia com a legislação. Para isso buscam soluções tecnológicas”, afirma ela, que salienta a preocupação das empresas em reter talentos em TI.-Imagem (1.2147320)