O processo de desestatização da Celg Geração e Transmissão (Celg GT) teve dois importantes avanços nesta semana. Audiência pública sobre o assunto foi realizada na quarta-feira (17) e ontem houve abertura do data room para os investidores interessados na companhia. O leilão está previsto para dia 13 de maio e será realizado no modelo especial no âmbito da Brasil, Bolsa, Balcão (B3).A sala de informações foi aberta pela Celg Participações (CelgPar), que é a controladora da estatal, e poderá ser acessada de forma remota. O data room contém demonstrações financeiras, relatórios técnico-operacionais das concessões de transmissão e geração, laudos de valuation e outros documentos. Por lá, os interessados que se habilitarem também podem esclarecer dúvidas.A CelgGT, que terá a alienação das ações e participações em outros empreendimentos, será oferecida pelo valor mínimo de R$ 1,531 bilhão. Segundo o presidente da CelgPar, Lener Jayme, há estimativa de que a concorrência eleve esse preço. Investidores estrangeiros – com ativos no Brasil – e brasileiros já teriam manifestado interesse em contatos com estruturador e até em reuniões presenciais.A exposição dos potenciais da companhia também será feita por meio de roadshow, que deve ocorrer a partir do dia 15 de abril, de forma virtual pela TV B3. A publicação do edital está marcada para 8 de abril.O processo em meio à pandemia de Covid-19 é alvo de críticas dos funcionários da companhia. Primeiro diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (Stiueg), João Maria de Oliveira defende que não seria o momento de debater privatização, já que a urgência em saúde atrapalha o conhecimento e o debate pela sociedade sobre o patrimônio público.“É preciso parar em respeito às famílias que não têm tempo para pensar em um mal desse, já que enfrentam um mal maior. Mas a história será contada e estamos recorrendo juridicamente às últimas instâncias e fizemos manifestação com carreata”, pontua ele ao citar que a desestatização ocorre de forma mais restrita do que aconteceu na época da venda da Celg Distribuição (Celg D), que hoje é a Enel Goiás.“O sindicato enxerga isso como um dos maiores absurdos.” Há preocupação da entidade com o destino dos trabalhadores da empresa. O diretor pontua que não foi mencionado o assunto na audiência pública. “Para onde vão os profissionais que garantem as metas e o resultado positivo da empresa?”Para a reportagem, Lener Jayme defendeu o processo de desestatização e afirma que foi dada a toda comunidade a oportunidade de participar. Durante a audiência pública, 28 dos 59 inscritos se manifestaram. “Foi bem organizada e na forma como tem sido feito no País e em outros países em função da pandemia, on-line. Foram muitas as contribuições e expressivas, que certamente serão consideradas para análise e finalização do edital para o leilão.”Enel ainda falha no interior A Enel Distribuição Goiás apresentou ontem ao governo do Estado o balanço final do plano emergencial concluído em agosto de 2020. A empresa avançou em metas de melhoria da qualidade no serviço prestado, o que foi reconhecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Porém, ainda persiste a preocupação do governo de Ronaldo Caiado (DEM) com o tempo que goianos de cidades do interior ficam sem energia.O tempo médio que o goiano fica sem energia (DEC) caiu de 29,22 horas para 15,96 horas em fevereiro de 2021, mas até dezembro precisa chegar a 14 horas. O secretário-geral da governadoria, Adriano da Rocha Lima, afirma que há atenção especialmente às regiões que têm peso menor nessa média por concentrarem menor número de habitantes. “O que mais me preocupa não é esse indicador global. Se pegar a região de Goiânia está com 6 horas, mas se pegar o interior, regiões como Sudoeste, Norte e Nordeste, estão muito ruins e têm peso menor. Na prática, dos 156 conjuntos, têm 81 nos dois piores níveis, que ultrapassam a meta em 300%. A distorção é grande.”Sobre as melhorias, a Enel ressaltou os investimentos realizados e o plano de ações ao atendimento das áreas rurais de Goiás, que envolve incorporação de novas tecnologias na rede e a construção de novas linhas. O objetivo é conseguir reduzir o número de vezes que o produtor rural fica sem energia. O que impacta também nas atividades econômicas desenvolvidas no campo.-Imagem (1.2215296)