O lançamento do ChatGPT, chatbot da startup OpenAI, dominou as discussões em redes sociais, enquanto conquistava mais de 100 milhões de usuários em menos de dois meses. A ferramenta que permite recorrer a inteligência artificial de conversação (IAC) para escrita de textos e resolução de problemas vem sendo usada em empresas e por estudantes e profissionais para agilizar a produção. O acesso é gratuito, mas já foi lançada versão Plus, que é paga.“O uso é crescente principalmente por permitir acesso a amplo conteúdo em curtíssimo prazo”, constata Rubens Fileti, presidente da Associação Comercial e Industrial do Estado de Goiás (Acieg). “Muitas empresas estão automatizando o atendimento via chatbot, e o GPT é um tipo de inteligência artificial bem trabalhada. Em Goiás, já é usada para melhorar a captação e retenção de clientes”, cita.Com as IACs, as empresas podem fornecer atendimento ao cliente 24 horas por dia, 7 dias por semana, o que melhora a satisfação do cliente e aumenta a lealdade à marca. As vantagens são apontadas por Joel Matos, gerente de Tecnologia e Inovação no IEL Goiás, professor e pesquisador na UFG e CTO na HealthTech SAZ Saúde, que recorreu ao próprio ChatGPT para conceder entrevista ao POPULAR (confira na página 7).Outro uso que tende a se ampliar, de acordo com Fileti, é na compilação de melhores práticas em determinada área, o que favorece insights a gestores, operadores. “Contribui para formas de fazer rotina de prospecção ativa, e não só receptiva”, observa.A ferramenta funciona também de forma complementar. “Por exemplo, para um advogado, pode ajudar a criar uma petição.” Ele indica ainda que em treinamento, capacitação e qualificação, a tecnologia é útil porque oferece resumo de livros e informações em curtíssimo prazo, o que agiliza o acesso a conteúdo amplo e reduz custos.Os impactos da IA conversacional no mercado de trabalho começam a ser notados, mas de imediato não afetam na contratação, em recrutamento e seleção, com exceção das empresas de tecnologia, em que a atualização no domínio de ferramentas é pré-requisito, avalia o presidente da Acieg. “No momento, não se projeta substituição de mão de obra, mas uma qualificação a mais como diferencial para funções com melhores salários.”DesempregoMas quem não se atualizar tende a perder importância no mercado de trabalho, alerta o professor de Inteligência Artificial na UFG, Celso Camillo. O que, acrescenta, pode agravar o quadro atual em que de um lado há milhões de desempregados e, de outro, demanda não atendida por mão de obra qualificada.Consultado, o próprio ChatGPT avalia que ele “pode ter impactos negativos no mercado de trabalho, especialmente em áreas que exigem respostas rápidas e padronizadas”. Vê risco de desemprego e menciona a necessidade de políticas públicas de amparo aos trabalhadores destituídos de suas funções. (Leia o texto na íntegra na página 7).“As IACs podem ajudar a automatizar tarefas que exigem interação com clientes, como atendimento ao cliente, vendas e suporte técnico. Isso permite que os trabalhadores se concentrem em tarefas mais complexas e criativas”, observa Joel Matos, com auxílio do ChatGPT. Ou seja, a própria IAC indica que pode passar a exercer determinadas funções e deslocar quem as exercia para atividades de maior qualificação.“Estima-se que vamos ter que recapacitar cerca de 50% da força de trabalho nos próximos cinco anos”, comenta Camillo, referindo-se a prognóstico do Fórum Econômico Mundial. “É a necessidade, não se sabe se conseguiremos fazer. Esse é o gap”, reforça. “Está mudando a forma de atuar. Um programador hoje vai ter de interagir com ChatGPT e outras soluções para melhorar o código dele, a fonte, e consequentemente, obter maior agilidade, produtividade.” Em síntese: “Será uma realocação com qualificação”.Leia também:- “Não substitui, e sim potencializa o trabalho da pessoa”, diz gerente do IEL- Mais de 10 mil processos para abertura de empresas estão parados em Goiânia-Imagem (1.2617640)