As fortes e constantes chuvas têm afetado produtores rurais em diversas regiões de Goiás desde o final de 2021. Nos municípios onde já foi decretada situação de emergência, lavouras foram perdidas e a criação de animais está prejudicada nas áreas alagadas. Porém, a dificuldade com a logística pela situação das estradas é o que tem preocupado de forma geral o setor do agronegócio. O governo do Estado e entidades que representam produtores rurais informam que ainda não é possível mensurar os prejuízos, que, por enquanto, ainda são considerados pontuais. Onde as águas subiram mais, como no caso da cidade de Flores de Goiás, no Nordeste goiano, produtores apontam perdas milionárias. Por lá, desde a produção de feijão e de arroz até a pecuária, há impactos. “Temos 2,5 mil famílias só em assentamentos, muitos perderam tudo e têm dificuldade para ter alimentação. Por isso, há suporte com medicamentos e cesta básica”, expõe o prefeito da cidade Altran Avelar (DEM). Ele pontua que para os pequenos agricultores as dificuldades são maiores, especialmente porque os cultivos são para suprir os próprios produtores e o comércio local. Segundo calcula, os prejuízos de todos na região já somariam R$ 30 milhões. “Tivemos mais de 500 hectares de lavoura de soja e 600 hectares de arroz perdidos, fora áreas de pecuária. A pastagem foi prejudicada, há dificuldade para confinamento e para tirar para abate. Há pontes caídas e sérios problemas nas estradas. Sendo que 75% do município é zona rural.” Ele explica que com mais de 20 dias de áreas alagadas a situação atípica deixa preocupação com as safras. “Eu mesmo tenho área que está passando da hora e não tem como colher o arroz. O maquinário não entra.” Em São Domingos e Divinópolis, o presidente do Sindicato Rural, Márcio Arlei Dierings, explica que mesmo com algumas áreas de pastagens debaixo d ‘água, o principal problema são as estradas. “Não há acesso e tem pequenos produtores que não têm conseguido entregar leite e quem tem terras mais baixas alagou e o capim está morrendo.” Por lá, a pecuária já sente aumento de custos. Diante do cenário, o coordenador institucional do Instituto para Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag), Leonardo Machado, diz que há um alerta maior para a olericultura, pois o excesso de umidade traz doenças, pragas e fungos, que já afetam as regiões onde mais chove e há forte presença da agricultura familiar. Já para os grãos como soja e milho, avalia que é cedo para falar em prejuízos, porque a época não é de colheita. “A luminosidade menor pode impactar a produtividade, mas ainda é cedo para afirmar.” De acordo com a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja-GO), como a região mais afetada tem pequena participação na produção goiana – menos de 10% da área plantada –, caso ocorram perdas concretas, a influência sobre o resultado total pode não ser significativa. O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tiago Mendonça, também reforçou à reportagem que não há indício até o momento de quebra de safra, mas situações pontuais como a questão do arroz em Flores de Goiás. “Para as grandes culturas como soja e milho tivemos plantio excepcional e esperamos grande produção.” Ele reconhece que a infraestrutura afetada tem prejudicado diversas regiões e a expectativa é de que o sol possa ajudar. A Seapa assim como outros órgãos do Estado trabalham para auxiliar na logística dos produtores e da população que ficou isolada nas regiões mais atingidas pelos alagamentos. “Assentamentos e comunidades estão mapeadas e há atenção voltada para o meio rural que precisa de apoio. A Goinfra está com equipamentos que serão regionalizados com patrulhas rurais para atender a população. O governo está empenhado para resolver os problemas.”