As vendas no comércio e a produção industrial em Goiás tiveram recuo em 2021 em comparação ao ano anterior. O resultado divulgado nesta quarta-feira (9) pelo IBGE indica influência da redução do poder de compra da população, da alta na taxa básica de juros e do clima.O Estado apresentou resultados abaixo da média nacional, apesar de ter alta expressiva em alguns segmentos, como a fabricação e comercialização de veículos, que cresceu 84,7% e 35,2%, respectivamente– maior resultado da série histórica.Porém, o comércio varejista, apesar da expectativa por um ano melhor em meio à vacinação contra Covid-19, encerrou 2021 com queda de 0,5%. Segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), as lojas de móveis e eletrodomésticos (-9,5%) e os hipermercados e supermercados (-9%) foram os segmentos que mais reduziram o fluxo de vendas. As festas de fim de ano também não contribuíram. Pois a comparação de dezembro com o mesmo mês de 2020 mostra recuo no varejo de 1,9%.Chefe do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira explica que o menor desempenho dos supermercados reflete a redução do poder de compra da população devido à inflação, que continua a elevar o preço dos alimentos e bebidas. “Além disso, a recuperação do mercado de trabalho tem se baseado na mão de obra informal, com menor renda para os trabalhadores, o que ajuda a explicar a queda nas vendas.”Com a alta da inflação – que fechou o ano em 10,31% em Goiânia – houve o impulso da Selic que também contribuiu, como analisa Edson, para a menor demanda. Outro ponto que ele cita é a base de comparação, pois em 2020 ocorreram mais compras de eletrodomésticos, por exemplo, com o cenário de pessoas em casa devido à pandemia.“Esse resultado reputo às consequências da Covid-19 e da própria economia, a Selic mais alta acaba sendo embutida nos preços e o comércio trabalha muito com crédito”, pontua o presidente da Federação do Comércio de Goiás, Marcelo Baiocchi.Do lado do varejo ampliado, ele pontua que o crescimento foi considerado significativo e surpreendeu, especialmente com a venda de veículos. “Houve recuperação, uma demanda que não foi atendida no ano anterior.”Para a indústria, esse também foi o destaque positivo, enquanto a Pesquisa Industrial Mensal – Produção (PIM-PF) mostra que houve recuo de 4% em 2021. “A elevação da taxa de juros afeta a indústria, além da questão conjuntural com problemas em cadeias globais de suprimento”, pontua Edson, chefe do IBGE. Ele lembra que há influência da queda na demanda do comércio que derrubou produção do setor alimentício (-5,6%) e base de comparação alta no caso da produção farmacêutica que recuou 21,8%.Análise da Federação da Indústria de Goiás (Fieg) também destaca influência do clima na produção menor de cana-de-açúcar e, consequentemente, recuo dos biocombustíveis (-9%)Inflação de janeiro é a maior desde 2016A inflação de janeiro em Goiânia atingiu 0,74%. O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quarta-feira (9) pelo IBGE, representa a maior alta para o mês desde 2016. A capital teve a quinta maior variação do País, resultado pressionado pelo incremento no preço dos veículos próprios, combustíveis, aluguel, carnes e produtos farmacêuticos. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador chegou a 11,32% na capital goiana, acima da média brasileira (10,38%).A capital foi destacada especialmente pelo grupo de transportes e de alimentos, que superou as altas ocorridas no País. Mesmo com uma maior demanda, o veículo próprio teve alta de 0,94% em janeiro, a décima sexta alta consecutiva.-Imagem (1.2400497)