Quem anda pelas ruas de Goiânia já deve ter percebido que a cidade tem diversos prédios em construção, principalmente em bairros mais nobres, como Marista, Bueno e Oeste. Isto é consequência do grande número de empreendimentos lançados e vendidos pelo mercado imobiliário nos últimos três anos: 165 entre 2019 e 2021 em Goiânia e Aparecida. A estimativa é que, atualmente, apenas a capital tenha cerca de 100 canteiros de obras em execução.Muitos empreendimentos ainda nem começaram a ser construídos e a expectativa do Sindicato da Indústria da Construção no Estado de Goiás (Sinduscon-GO) é que, até o fim do ano, mais de 160 obras estejam em execução. O setor gerou 3,3 mil novos postos de trabalho no primeiro trimestre deste ano, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). “A estimativa era de um incremento de 5 a 6 mil empregos ao longo do ano e já passamos mais da metade desta meta”, ressalta o presidente do Sinduscon-GO, Cezar Mortari.Após a pandemia, o mercado voltou mais os olhos para empreendimentos de médio e alto padrão. Uma prova disso é que, enquanto o número de unidades lançadas em 2021 cresceu 39%, o valor geral de vendas (VGV) lançado aumentou 102% no período. Segundo Mortari, isso ocorreu porque o governo federal destinou menos recursos para o programa Casa Verde Amarela e houve uma sangria de recursos do FGTS, principal fonte para financiamentos. “A pandemia quase não afetou a classe média alta, mas reduziu a renda da classe média baixa, que passou a ter mais dificuldade para financiar”, avalia.Leia também:Goiás teve crescimento de 1.239% na criação de empregos formais em 2021Editorial: Contrução CivilMuita gente também foi para o mercado informal e passou a ter mais dificuldade para comprovar renda. Por outro lado, segundo Mortari, a classe média alta ficou mais compradora de imóveis. Outro ponto foi o fato do novo Plano Diretor ter permitido construções altas ao longo dos eixos estruturantes da cidade, como a avenida T-9. “O mercado está saudável, com boas vendas e baixa inadimplência. A preocupação é que o custo dos materiais continua subindo.”O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Fernando Razuk, lembra que as obras se iniciam cerca de 10 meses após os lançamentos e vendas, que continuaram acontecendo este ano. Ele concorda que houve uma redução de lançamentos para o mercado mais popular também por conta alta de custos, que inviabilizou este tipo de projeto. Por outro lado, a classe média alta fez “upgrade” do imóvel e houve aumento da procura por parte de investidores.A City Incorporadora tem nove empreendimentos em construção na capital, nos setores Marista, Bueno e Oeste, sendo três lançados no ano passado. Eles estão localizados em regiões como Praça do Sol, avenida Ricardo Paranhos e parques Vaca Brava e Areião. Mão de obraO sócio diretor da empresa, João Gabriel Tomé Oliveira, lembra que o segmento premium, de apartamentos acima de 300 metros quadrados, exige uma melhor localização. “Ano passado foi o melhor da nossa história, quando tivemos um crescimento de 30% nas vendas e quase R$ 500 milhões comercializados. Temos mais três lançamentos para este ano”, conta o empresário. Ele reconhece que, com tantos lançamentos, hoje há mais dificuldade de mão de obra. “Temos menos problemas porque nosso pessoal é direto e está conosco há muitos anos. Mas a retenção está difícil”, diz.A Opus também tem 9 obras em execução e deve iniciar mais três até o fim de 2021, nos setores Marista e Bueno. Para o diretor de Engenharia da Opus, Adriano Justino, as pessoas criaram um desejo por morar numa localização melhor, o que tem pesado na hora da escolha.O metro quadrado nestas localidades custa entre R$ 8 mil e R$ 11 mil. “São apartamentos lançados de acordo com uma demanda monitorada, desde compactos com 50 metros quadrados aos de 300 metros. Mas todos no alto padrão de acabamento e soluções de inteligência”, diz.Mas Fernando Razuk conta que continuam sendo lançados empreendimentos de todos os padrões. “Tivemos lançamentos em todos os degraus acima do Casa Verde Amarela”, diz. Um exemplo é o da MRV, que fez seis lançamentos no Estado em 2021 e outros dois este ano. Atualmente, a empresa tem três obras em execução em Goiânia e duas em Aparecida. O gestor de Obras da MRV, Antonio Caio Ribeiro, informa que são empreendimentos de dois quartos localizadas em bairro como setor Faiçalville e Vila Mutirão, e que as vendas estão aquecidas. “Talvez até pela queda na renda, muita gente também optou por imóveis mais baratos, mas não deixou de comprar”.-Imagem (1.2453296)