Um grupo de comerciantes da Avenida Castelo Branco realizou, nesta segunda-feira (21), protesto pela manutenção do atual nome da via. O ato foi organizado pelo Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO) e teve concentração no cruzamento entre a Castelo Branco e a Rua Jaraguá, no Setor Campinas. Tramita na Câmara de Goiânia veto do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) a projeto que propôs a mudança de nome da avenida para homenagear o ex-prefeito Iris Rezende Machado. A matéria é de autoria de Clécio Alves (MDB) e foi aprovada no dia 21 de dezembro do ano passado. Em 11 de janeiro, Cruz encaminhou à Câmara o veto ao texto.Em reunião realizada no dia 16 de fevereiro, a Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) seguiu relatório do vereador Pastor Wilson (PMB) pela derrubada do veto. O texto do relatório foi escrito à mão, conforme mostra documento disponível no portal da Câmara. Segundo a assessoria da Casa, não existe regra explícita sobre como os relatórios devem ser registrados. Mas na comparação com outros projetos, é comum que este tipo de documento seja digitado.A votação da matéria no plenário estava prevista para a última quinta-feira (17), mas a sessão não foi aberta por falta de quórum. Um grupo de comerciantes da Castelo Branco esteve na Casa no dia e pressionou vereadores para votar contra a derrubada. Presidente do Sindilojas, Eduardo Gomes, afirma que a categoria irá mais uma vez à Câmara de Goiânia nesta terça-feira (22) para pedir que o veto seja mantido.Até o fechamento desta edição, a matéria não estava prevista na pauta da sessão desta terça. De acordo com o regimento interno da Câmara, um tema pode ser incluído na votação mediante requerimento assinado por um terço dos vereadores e aprovado pelo plenário. Autor do projeto original e 1º vice-presidente da Câmara, Clécio diz que trabalhará para que o texto seja incluído.ManifestaçãoO protesto desta segunda começou por volta da 8h30 da manhã. De acordo com Gomes, o objetivo do grupo é demonstrar insatisfação com a possibilidade de mudança no nome da Avenida Castelo Branco. O presidente argumenta que os empresários terão prejuízos e transtornos com a mudança oficial dos endereços em notas fiscais e cartões de visitas e em órgãos públicos, como a Receita Federal. Gomes afirma também que a troca de nome da via, conhecida pela concentração de lojas de produtos agropecuários, poderia provocar “confusão”. O presidente afirma que o nome da avenida é uma homenagem pequena para Iris Rezende e diz que a população não se acostumará com a mudança rapidamente. A organização não tem estimativa de quantas pessoas participaram do protesto. O grupo se organizou em carreata, usando veículos plotados com nome de empresas localizadas na avenida e máquinas que representam o agronegócio, como tratores. O atual nome da avenida traz homenagem para Humberto de Alencar Castelo Branco, um dos presidentes do Brasil na época da ditadura militar. No entanto, Gomes diz que os empresários pedem a manutenção por motivos econômicos. “Se você fizer hoje uma pesquisa em 100 pessoas sobre a Avenida Castelo Branco, ninguém faz ligação com o ex-presidente. Foram buscar isso no fundo do baú para usar como argumento”, disse. Clécio classificou a movimentação dos empresários como “ridícula. “Não vou ceder à pressão de comerciantes. Estamos homenageando a quem fez tudo por Goiânia e Goiás. Esse Castelo Branco nunca trouxe um pé de couve para Goiânia. Entre homenagear Iris ou um ditador, eu fico com Iris (...) Eles podem colocar os comerciantes tudo lá na Câmara, mas eu não mudo (de voto). Eu espero que outros vereadores também não mudem”, disse o vereador.Justificativa No veto à homenagem, o prefeito alegou necessidade de abaixo-assinado de moradores da região. Houve também o argumento de que a mudança traria transtornos à população, às empresas e ao município, pois levaria a “uma enorme burocracia e gastos a todos os envolvidos”. Por outro lado, parecer da Câmara considerou o veto antijurídico e afastou a necessidade de abaixo-assinado.Como o POPULAR mostrou no fim de semana, a taxa para registro de mudança de endereço de empresas na Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg) varia de R$ 175 a R$ 655. Este é um dos argumentos usados pelo grupo contrário à alteração. O valor máximo é pago para economia mista e consórcio, categoria em que empresas localizadas na Castelo Branco não se enquadram. PedidoA falta de consenso já provocou reação da família de Iris. Em carta, a ex-deputada federal Iris de Araújo, viúva de Iris, e os filhos Cristiano, Ana Paula e Adriana afirmam que “nem Iris, nem Goiânia merecem que o nobre objetivo de homenageá-lo seja uma corrida de obstáculos que não coadunam com a grandeza sua e da nossa querida Capital”. “Esperamos união, consenso, espíritos desarmados de todos que buscam, no reconhecimento material, dar a justa e devida homenagem a Iris”, escreveram.