A confiança no auxílio de um parente no trabalho e até mesmo o menor custo são fatores que podem influenciar no número de pessoas que trabalham sem receber para um parente, que teve aumento com elevação do desemprego em Goiás. Há quem aceite para aprender um novo ofício, outros para ajudar os pais e há também casos que merecem cuidado para não se tornarem relações abusivas. Na pastelaria Casarão, no Centro de Goiânia, há três anos uma família resolveu se unir para cuidar do empreendimento que fica no andar de baixo da casa e defende a boa relação. “Somos quatro pessoas da família, eu, minha irmã, minha mãe e meu padrasto”, explica o administrador Diego Deann Ribeiro da Silva, de 31 anos.Ele já foi dono de restaurante e viu mais de um negócio fechar desde o início da crise econômica no País. Agora, a pastelaria está no nome da irmã e o restante da família ajuda no que pode. Diego conta que com funcionários fixos não havia tanta confiança como há com o auxílio dos parentes. Eles moram juntos, a renda vai para as contas e o que sobra é distribuído. Já no caso da jovem Ester Andrade, de 22 anos, o trabalho como auxiliar da mãe em loja no Estação da Moda Shopping era esporádico e passou a ser mais frequente. Ela encara como “início de carreira”. “Pretendo seguir no ramo da moda, que é versátil. E trabalhar ajudando a família não é ruim, porque não tem a mesma obrigação de quando se tem um chefe e futuramente tudo poderá vir a ser meu”, pontua. Porém, o professor de economia da Uninter, Daniel Cavagnari, explica que essa ocupação informal vai além dos casos de Diego e Ester. “Há parentes que aproveitam do desemprego”, pontua ao citar que há nessa faixa da população trabalhos de graça que podem ir para o lado da exploração por não ter remuneração ou um valor bem abaixo do praticado no mercado. Além disso, a informalidade tem suas consequências. Os trabalhadores informais deixam de contar com benefícios da previdência social, como décimo terceiro salário, férias remuneradas, auxílio doença, auxílio maternidade, entre outros. A longo prazo, eles também não terão direito à aposentadoria.“Os ocupados informais têm baixa remuneração e sem proteção social. E nessa proporção registrada atualmente pode comprometer a dinâmica da demanda no mercado interno”, completa a economista e supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em Goiás, Leila Brito. Ela avalia que ainda é provável aumentar o trabalho informal até que a economia tenha maiores índices de crescimento. “Evidente que a Reforma Trabalhista, que impõe perdas de direitos e enfraquece o poder de barganha das entidades representativas dos trabalhadores e a capacidade de atuação da Justiça do Trabalho, cria condições adequadas ao aumento da informalidade”, conclui. -Imagem (1.1966073)