De acordo com a Serasa, mais de 33 milhões de dívidas podem ser negociadas no Feirão Limpa Nome, sendo que mais de 20 milhões desses débitos podem ser quitados por até R$ 100 e 15 milhões deles por apenas R$ 50. “O início de 2022 se mostrou muito mais desafiador do que o esperado. Por este motivo, anunciamos a edição emergencial do Feirão Serasa Limpa Nome, que tradicionalmente ocorre no final do ano, como oportunidade para ajudar a minimizar o crescimento dos números de dívidas e de endividados”, afirma a gerente da Serasa Limpa Nome, Aline Maciel.Segundo Ricardo Stefanelli, o evento já registra um número médio de 150 mil acordos fechados diariamente. Na última edição do Feirão Limpa Nome, em novembro de 2021, mais de 4 milhões de brasileiros conseguiram negociar suas dívidas atrasadas e negativadas em mais de 6 milhões de acordos. “Foram milhares de pessoas em busca de renegociações, centenas de parceiros com ofertas diferenciadas e inúmeras histórias de recomeço”, lembra Aline.Educação financeiraO coordenador de Relações Públicas da Serasa, Fernando Gambaro, lembra que as taxas de inadimplência sofrem influência de algumas variáveis em cada região, como a renda, a crise financeira e até o nível de educação financeira da população, que ainda está muito aquém do ideal, apesar do crescente número de ferramentas digitais com este objetivo e que são cada vez mais procuradas.O economista e mestre em Finanças, Marcus Antônio Teodoro, também concorda que o rendimento médio do brasileiro não conseguiu acompanhar o aumento dos custos nos últimos quatro anos. “A inflação é uma cesta média, mas muitos produtos consumidos pela população subiram bem mais e o poder aquisitivo caiu muito”, destaca.O cenário ideal seria de um crescimento da renda acima da inflação, o que não tem acontecido, pois os reajustes das categorias de trabalhadores não têm ganhos reais. “As pessoas tiveram aumento de custos e novas despesas, como reajustes em planos de saúde e outros serviços”, lembra. Tudo isso vai pressionando o orçamento e falta dinheiro para pagar as contas no final, resultando num aumento da inadimplência. A guerra na Ucrânia veio piorar ainda mais a questão econômica, ao aumentar a pressão sobre o petróleo. Mas um outro motivo para este cenário atual de alto índice de inadimplência, segundo o economista, é o próprio comportamento do consumidor, que muitas vezes acaba consumindo por impulso e perdendo o controle do orçamento. Para Marcus Teodoro, em momentos como este, de maior pressão inflacionária e renda reduzida, a disciplina nas finanças pessoais fica ainda mais importante. “Por isso, o melhor para quem tem dívidas e recursos no momento é aproveitar para negociar e quitá-las. Mas é importante cumprir o acordo depois”, recomenda o economista.