O vários ramos do cooperativismo têm atraído cada vez mais goianos. Dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2022, levantados pelo Sistema OCB-GO e que serão divulgados hoje pela OCB Nacional, mostram um crescimento de 143% no número de cooperados e de 301,7% no faturamento das cooperativas em todo Estado entre 2011 e 2021. Quem opta pelo sistema cooperativo diz que foi atraído pela possibilidade de participar do planejamento, das decisões e dos resultados obtidos pela cooperativa.As cooperativas goianas tiveram uma receita de mais de R$ 21 bilhões no ano passado, contra R$ 5,2 bilhões em 2011. O número de cooperativas registradas no Sistema OCB/GO também cresceu 20,5% desde 2011 (foram 42 novas só entre 2019 e 2021) e elas geraram 165% mais empregos, principalmente nos ramos agropecuário, transporte, saúde e crédito.Para o presidente do Sistema OCB-GO, Luís Alberto Pereira, as cooperativas ganharam maior envergadura. “Os destaques foram os ramos do agronegócio, devido à sua importância para a economia do Estado, e o cooperativismo de crédito, que acompanha esse setor da economia e experimenta um importante ganho de competitividade em relação às grandes instituições do sistema financeiro, por oferecer taxas e créditos mais atrativos”, afirma.O diretor presidente do Sicoob UniCentro Br, Raimundo Nonato, lembra que, mesmo com a pandemia, os interessados em se associar a esse tipo de instituição financeira só aumentaram. “Com mais dificuldades financeiras e perda de empregos, as pessoas buscaram saídas para conseguir crédito para empreender e pagar menos juros do que nos bancos tradicionais”, conta.Em abril deste ano, a cooperativa atingiu R$ 5 bilhões em ativos financeiros, um aumento de 27,5% em relação ao mesmo período de 2021. Para Nonato, esse crescimento se deve à maior confiança do cooperado na instituição, que em 2021 teve o melhor número de sobras (resultados financeiros positivos distribuídos para os cooperados ao final de cada exercício) de sua história: R$ 173 milhões.A Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Vale do Paranaíba (Agrovale) também experimentou um forte crescimento nos últimos anos. Seu faturamento anual passou de R$ 79 milhões para R$ 150 milhões em dez anos, um salto de quase 90%. Estes resultados positivos também refletem o número de cooperados. “Em 2011, tínhamos cerca de 2 mil cooperados e, hoje, são mais de 2,3 mil”, informa o presidente da Agrovale, Antônio Carlos Borges.OportunidadesPara ele, o crescimento do cooperativismo se deve a percepção das pessoas de que esse modelo de negócio cria mais oportunidades para solucionar diferentes tipos de problemas. “Além disso, o agronegócio, setor em que a Agrovale está inserida, vem investindo muito em profissionalização, que gera crescimento, impulsionando também o cooperativismo de crédito”, destaca.Celso Figueira, presidente da Central Sicredi Brasil Central, lembra que a cooperativa de crédito desenvolveu um planejamento estratégico que tem coincidido com um movimento em que as pessoas buscam novas alternativas para suas movimentações financeiras. “O sistema tem um diferencial em governança, produtos e serviços, com um crescimento acima da média do mercado financeiro”, explica. Para Figueira, os números são o reflexo da vontade das pessoas de administrar seus recursos de forma cooperativa.“Crescemos 22% no ano passado e fechamos o primeiro semestre com mais 20%”, destaca. Ele lembra que, mesmo durante a pandemia, novas agências foram abertas, um movimento que deve continuar, pois houve um incremento acima do esperado nos últimos anos.Os cooperados participam do planejamento estratégico, das decisões e das sobras. Cansada das altas taxas e da burocracia dos bancos tradicionais, onde ela também não recebia nada de volta, a empresária Pollyana Correia foi para uma cooperativa de crédito. “Achei interessante participar das decisões e acompanhar o crescimento da cooperativa. Ter retorno financeiro é algo inovador, como uma dona do negócio mesmo”, explica a empresária.Fabrício Miranda Coronha está há 13 anos na Cooperativa dos Condutores de Motocicletas de Goiás (Coopmego). “Gostei do sistema por ter uma forma justa de distribuição de renda. A cooperativa me possibilitou uma vida financeira melhor e mais possibilidades de escolha. Participo da tomada de decisões, tenho mais flexibilidade de horários e melhores ganhos”, conta Fabrício, que se sente realmente dono de seu negócio.Leia também:- Cooperativismo se expande- Cooperar e cuidar do meio ambiente- Pequenos agricultores goianos recebem apoio para crescer-Imagem (1.2499854)