A Avenida Anhanguera é a localidade que ainda concentra o maior número de comércios em Goiânia. Porém, ao longo dos anos, as lojas estão se movimentam para outros centros, o que gera inclusive vazios na via antes concorrida. “A capital tem essa característica e por isso vemos o comércio andar. A confecção hoje se concentra na Rua 44, há dez anos não era assim”, destaca o presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi. “Há uma concentração estratégica das empresas. No passado, a moda era na Avenida 85, depois Bernardo Sayão”, diz a gerente de Negócios da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Goiânia), Dina Marta Correia Batista. Ela explica que a concentração vivida na capital é reflexo do direcionamento que o próprio consumidor dá. Mais opções em um mesmo local se tornam um atrativo. E estar onde o público vai é “questão de sobrevivência”. Foi assim que há 41 anos o sócio-administrador da Cantinho da Moda, Joseph Antoine Esper, conta que a empresa foi instalada no Centro de Goiânia. São quatro lojas no setor até hoje. Ele conta que a localidade mantém a força pelo mix de empresas, rede bancária, cafeterias e várias opções para quem se desloca até lá. Assim, muitos clientes são conquistados ao passar e visualizar a vitrine. Mas o lado ruim, como lembra, é que hoje falta estacionamento e os clientes não estão tão fiéis como décadas atrás para enfrentar o trânsito em nome da compra em determinada loja. Por isso, abriu unidades em outros bairros. “Mudou bastante, os setores têm vida própria e por isso fomos até eles”, justifica. O lojista ressalta que é importante facilitar para o cliente e que ao olhar para o Centro acredita que o poder público poderia ajudar o trânsito a fluir e dar maior segurança, porque o potencial ainda existe para geração de emprego e renda nesse ponto histórico. Joseph acredita que o centro não se modernizou para acompanhar o crescimento da capital. “As ruas são parecidas com o que eram há 40 anos. O que mudou?” A revitalização do Centro para atender anseio dos comerciantes e até mesmo para aproveitar o espaço já planejado para o comércio está entre os projetos da Prefeitura de Goiânia. O novo Plano Diretor, em discussão na Câmara Municipal, também traz atenção para ocupação dos vazios urbanos para melhor aproveitar a cidade. A arquiteta e urbanista Erika Kneib pontua que a cidade se estrutura a partir das grandes centralidades e é natural ter concentrações em alguns bairros como ocorre em Goiânia. “O que é ruim é quando as centralidades são concentradas como Centro, Campinas, Marista, Jardim Goiás. É importante ter mais equilíbrio e ter subcentros mais espalhadas no território.” O melhor planejamento, em discussão com o Plano Diretor, pode beneficiar a mobilidade nos novos e nos antigos centros.