A gradativa escalada dos custos ao longo do ano passado já se refletiu nos preços dos imóveis e alguns tiveram uma valorização superior a 30%, segundo o vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Marcelo Moreira. Outra pressão vem do custo dos terrenos, cada vez mais escassos e caros. “Os bons terrenos estão ficando cada vez mais caros e escassos no mercado”, diz Ricardo Reis, sócio da GPL Incorporadora, que tem seis empreendimentos em construção hoje e mais lançamentos previstos para o primeiro e segundo semestres.Na visão do presidente do Sindicato da Indústria da Construção no Estado (Sinduscon-GO), Cezar Mortari, Goiânia começa a atingir sua “maturidade imobiliária”, quando quase todos os terrenos nas regiões mais centrais já estão ocupados, ficando cada vez mais caros e escassos. “Dentro de alguns anos, teremos que começar a demolir prédios mais antigos, que acabam desvalorizados por conta dos altos custos com manutenção, que se refletem em taxas de condomínios muito caras, para a construção de novos edifícios mais modernos e economicamente viáveis”, prevê.Mas, para Marcelo Moreira, as mudanças que estão sendo feitas no Plano Diretor da capital devem trazer novas oportunidades de áreas, pois, avalia, estão sendo baseadas em bons estudos técnicos, apesar de ter recebido muitas críticas. “É uma lei que está em discussão desde 2017, com a realização de várias audiências públicas e a participação de muita gente qualificada, e que veio para melhorar”, acredita. Ano de eleiçõesRicardo Reis, da GPL Incorporadora, lembra que anos de eleições são sempre mais desafiadores para várias atividades econômicas, como a construção civil. “O cliente sempre fica mais retraído sobre a decisão de compra pela maior volatilidade do mercado”, explica. O País acaba vivendo uma espécie de compasso de espera pelo resultado das eleições, que envolvem decisões econômicas e estratégias de mercado.O vice-presidente da Ademi-GO informa que, mesmo com juros mais altos agora, que oneram o custo final dos financiamentos imobiliário, as vendas de imóveis iniciaram o ano em alta. “A Selic ainda está abaixo da média histórica e taxa de dois dígitos não é nada surpreendente para o País. Mas a expectativa é de futuras reduções, após o tumulto de um ano eleitoral, que gera incertezas que se refletem na economia”, avalia.Na visão de Ricardo Reis, apesar da maior valorização em 2021, os preços de venda dos imóveis não conseguiram acompanhar a alta no custo dos insumos e da mão de obra. Por isso, comprar imóvel ainda é um bom negócio. O mercado se manteve aquecido durante a pandemia, por conta da demanda por moradias melhores, mas ele reconhece que os juros mais elevados para empreendedores e consumidores finais hoje podem funcionar como um freio de mão do mercado.“Os financiamentos passam a não caber mais no bolso de qualquer trabalhador”, adverte o incorporador. Com os juros em viés de alta, o contexto eleitoral e a previsão de mais impactos de custos ao longo do ano, a tendência é de um maior receio no segundo semestre. Portanto, Reis acredita que o melhor é comprar o quanto antes. Prazos de entregaPara o incorporador Adriano Justino, algumas empresas, principalmente as mais novas no mercado, ainda não estão relacionando sua velocidade de vendas com a estrutura disponível para a realização das obras.“Algumas ainda não têm maturidade suficiente para saber até onde podem vender para garantir uma entrega segura, com qualidade e dentro do prazo prometido”, alerta. Neste cenário, ele lembra que o consumidor também deve estar atento e escolher produtos que resultem numa decisão de compra mais assertiva e numa boa valorização para seu investimento.Rodrigo Lima, sócio da IN Inteligência Construtiva, acredita que 2022 será um ano de cautela. “Tivemos aumento de juros, que reflete na parcela final que o cliente vai pagar, e os incorporadores terão de revisar a viabilidade econômica de seus projetos. A velocidade de vendas deve diminuir”, prevê. Como o mercado imobiliário é cíclico, após um período de euforia, há uma acomodação. “Devemos ter uma diminuição de lançamentos no segundo semestre por conta do cenário político que vai se desenhando.”